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Este artigo objetiva compreender o cooperativismo de crédito rural solidário como um sistema social autopoiético, a partir da perspectiva de Humberto Maturana, para quem sistemas autopoiéticos são aqueles capazes de se autoproduzirem, em um processo dinâmico de interação entre partes que o compõem e o meio em que estão. Neste processo, ocorrem mudanças que podem modificar o sistema e seus componentes ou mudanças que podem levá-lo a modificar-se de forma que sua identidade seja perdida. Partindo desse raciocínio, e considerando recentes alterações no sistema nacional que regulamenta as cooperativas de crédito rural solidárias, foi realizada uma pesquisa com agricultores associados à Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária do município de Tombos (MG) e suas seis unidades de atendimento. Como procedimentos metodológicos, foram desenvolvidas observações de momentos coletivos e entrevistas semiestruturadas, entre março e julho de 2015. Os resultados demonstram que as mudanças estruturais nestas cooperativas partem da interação de seus diretores com outras organizações, além do contato próximo destes com órgãos de regulação, os quais incentivam a padronização do cooperativismo de crédito rural solidário. Entretanto, tais mudanças contribuem para o obscurecimento da criatividade e diversidade características deste tipo de cooperativa, levando à diminuição de capacidade autopoiética de tais organizações. |