COSMOGONIAS NÃO OCIDENTAIS, DIALÉTICA HEGELIANA E ROMANCE LATINO-AMERICANO NO DISCURSO SOBRE A ESCRAVIDÃO: O CASO DE O REINO DESTE MUNDO, DE ALEJO CARPENTIER
Autor: | Klinger , Diana |
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Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2023 |
Zdroj: | Brasil/Brazil; VOL. 37, NO. 71 2023-BRASIL/BRAZIL; 01-10 |
ISSN: | 0103-751X 2526-4885 |
Popis: | Resumo: O presente trabalho propōe uma leitura do romance O reino deste mundo, do escritor cubano Alejo Carpentier (1948), sobre a revolução dos escravizados no Haiti em termos de um “perspectivismo” em que coexistem diferentes realidades de acordo com as diferentes perspectivas das personagens. Nossa leitura busca também uma aproximação com a leitura que a filósofa Susan Buck-Morss faz da “cena do reconhecimento”, isto é, da dialética do senhor e do escravo em Hegel, que teria sido inspirada na revolução haitiana. Buck-Morss diferencia Hegel de outros pensadores liberais e iluministas europeus, que contraditoriamente sustentavam um discurso sobre a liberdade que não questionava a escravidão nas colônias. Assim, entendemos, a partir do romance, que o discurso na América Latina não constitui uma unidade ou uma síntese em oposição ética e estética ao discurso colonizador, mas pensamos ambos os discursos em sua fragmentação, formada por múltiplos pontos de vista incompossíveis entre si. Pensamos, em suma, que uma crítica da modernidade, da colonialidade e do capitalismo, não necessariamente deve seguir um caminho unidirecional nem uma racionalidade dicotômica que oponha o pensamento europeu ao latino-americano. Palavras-chave: Escravidão; Hegel; Revolução haitiana; Alejo Carpentier; Perspectivismo. Abstract: The present work proposes a reading of the novel The Kingdom of this World, by the Cuban writer Alejo Carpentier (1948), about the revolution of the enslaved in Haiti in terms of a “perspectivism” in which different realities coexist according to the different perspectives of the characters. Our reading also seeks an approximation with the reading that the philosopher Susan Buck-Morss makes of the “scene of recognition”, that is, the dialectic of master and slave in Hegel, which would have been inspired by the Haitian revolution. Buck-Morss differentiates Hegel from other European liberal and Enlightenment thinkers, who contradictorily supported a discourse on freedom that did not question slavery in the colonies. Thus, we understand, from the novel, that the discourse in Latin America does not constitute a unit or a synthesis in ethical and aesthetic opposition to the colonizing discourse, but we think of both discourses in their fragmentation, formed by multiple points of view that are incompatible with each other. We think, in short, that a critique of modernity, coloniality and capitalism should not necessarily follow a unidirectional path or a dichotomous rationale that opposes European and Latin American thought. Keywords: Slavery; Hegel; Haitian Revolution; Alejo Carpentier; Perspectivism. |
Databáze: | OpenAIRE |
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