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Este artigo busca analisar as estratégias de diferentes agentes face as tensões geradas no processo de implantação de um grande projeto siderúrgico no município de Marabá, Sudeste Paraense. Essas estratégias são reveladoras de interesses conflitantes entre esses agentes e de relações assimétricas de poder entre eles. A mineradora VALE e seus sócios no empreendimento, representantes das elites locais, assim como o governo federal e estadual, coincidem na defesa do projeto como ponto central para o desenvolvimento regional com base na verticalização da produção mineral, embora divirjam entre si acerca das responsabilidades do financiamento da obra e estrutura logística. O projeto e sua forma de implantação, por outro lado, é confrontado por segmentos críticos em função dos impactos socioterritoriais e ambientais. A análise dos impactos do projeto em dois casos específicos, de um assentamento de reforma agrária no seu entorno e da hidrovia Araguaia-Tocantins, revelam situações distintas. Enquanto no primeiro caso encontrou-se mobilização social intensa, mas localizada, capaz de fazer frente ao projeto e impor ajustes, no segundo caso houve pequena mobilização regional reveladora da subordinação da sociedade frente à ameaça permanente de suspensão dos investimentos. Sugere-se, dessa forma, que a empresa lança mão de mecanismos de ‘chantagem locacional’, apropriando-se de forma desigual dos propalados benefícios da verticalização da produção mineral e impondo riscos sociais e ambientais concentrados à sociedade local. |