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Pretende-se mostrar que o Brasil participou do amplo processo de transnacionalidade das ideias entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX elaborando um conjunto de teorias originais para dar forma ao “o povo amorfo” bem antes do fascismo e das primeiras formas de populismo contemporâneo. Trata-se de um aspecto fundamental para entender o ciclo do nacional-desenvolvimentista da “Era Vargas” (1930-1964), pensado como um projeto modernizador de industrialização integral, caminho privilegiado para superar o subdesenvolvimento, sob a égide do Estado – que para muitos cientistas sociais marca o ponto de partida do populismo brasileiro, enquanto para outros a época do “trabalhismo”. O texto mostra também a ressignificação do conceito de populismo nas últimas décadas, para definir fenômenos (neo) populistas quais Collor e, sobretudo, Bolsonaro e o chamado “bolsonarismo”, forma peculiar de populismo de extrema direita que incorpora alguns elementos do fascismo. Il s’agit de montrer comment le Brésil a participé, entre la seconde moitié du xixe siècle et le début du xxe siècle, au vaste processus de transnationalité des idées en élaborant un ensemble de théories originales pour façonner « le peuple amorphe », et ce bien avant le fascisme et les premières formes du populisme contemporain. Cela permet de mieux comprendre le cycle national-développementaliste de l’« ère Vargas » (1930-1964), conçu comme un projet modernisateur d’industrialisation intégrale, moyen privilégié de surmonter le sous-développement, sous l’égide de l’État, ce qui, pour de nombreux chercheurs en sciences sociales, marque le point de départ du populisme brésilien, tandis que pour d’autres, cela marque l’époque du « travaillisme ». Le texte montre aussi la re-signification du concept de populisme au cours des dernières décennies, pour définir des phénomènes (néo)populistes sous Collor et, surtout, Bolsonaro, une forme particulière de populisme d’extrême droite qui incorpore certains éléments du fascisme. The article intends to show that Brazil participated in the broad process of transnationality of ideas between the second half of the 19th century and the beginning of the 20th century, elaborating a set of original theories to shape the “amorphous people” well before fascism and the first forms of contemporary populism. This is a fundamental stage to understand, the national-developmentalist cycle of the “Era Vargas” (1930-1964), thought of as a modernizing project of integral industrialization, a privileged way to overcome underdevelopment, under the aegis of the State – which for many social scientists marks the starting point of Brazilian populism, while for others the era of “trabalhismo”.The article also shows the resignification of the concept of populism in recent decades, to define (neo) populist phenomena such as Collor and, above all, Bolsonaro and the so-called “bolsonarismo”, a peculiar form of extreme right populism that incorporates some elements of the fascism. |