'Another heavenly day': Absurdo, Metaficção, Paródia e Ironia em Happy Days (1961), de Samuel Beckett

Autor: Pantaleão, Débora Gil
Přispěvatelé: Azevedo, Sandra Amélia Luna Cirne de
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2016
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPB
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
instacron:UFPB
Popis: Happy Days (1961), a play of one of the most acclaimed writers of the twentieth century, Samuel Beckett (1906-1989), has been investigated by literary criticism in recent decades from numerous perspectives. Among these trends, some have claimed that the play deals with themes such as life and death; the last humans on earth; some have moved toward a more psychoanalytical approach; or have ensured that the play is inexplicable. However, we believe that some of these speculations regarding Beckett’s play may actually be linked. Thus, this thesis is intended to promote an interpretation of the play Happy Days from a reflection on the concept of the absurd, headlined by Esslin from Camus, also considering the theories of Nietzsche's nihilism and Sartrean existentialism as well as the subcategories metafiction, parody and irony, using these concepts to ensure our research regarding both the form and the contents of Beckett's work. The play has two acts and only two characters - Winnie and Willie, her husband. In the first act, Winnie is buried up to her waist and has the company of a black shopping bag which keeps some utensils, including: a mirror, a revolver, a toothpaste and a toothbrush. In the second act, the character is buried up to the neck and in front of her, Brownie, a revolver, makes her company. On the other hand, the character Willie appears in a few moments and hardly participates verbally in the scene. He is most of the time behind the mound where Winnie is buried, and therefore rarely visible to the public eyes. Starting from a theological perspective, Winnie lives waiting for a life after death, though sometimes nihilism seems to have already infected her world view, as in one moment the character is projecting her ideal world, and in another doubting its existence. So we see a Winnie stuck to her limited actions and meaningless routine, not enjoying what for Nietzsche was the only world there is, the world we live in. The boredom that the characters live is also impregnated by the hyper illuminated setting, which does not change, and it is described by Beckett as a "blinding light," and that causes the audience, the feeling of being always living at noon. The torturous eternity, paradoxically, leads to human finitude, to nothing, in the guise of stories told by Winnie and her lines, sometimes meaningless, that fill the present time. Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Happy Days (1961), peça de um dos autores mais aclamados do século XX, Samuel Beckett (1906-1989), tem sido investigada pela crítica literária nas últimas décadas a partir de inúmeras perspectivas. Dentre essas tendências, alguns chegaram a afirmar que a peça trata de temas como vida e morte; outras, dos últimos seres humanos na terra; outras se encaminharam para uma abordagem mais psicanalítica; outras chegaram até mesmo a assegurar que a peça é inexplicável. No entanto, acreditamos que algumas dessas especulações em relação à peça podem efetivamente estar vinculadas. Assim, a presente dissertação tem a intenção de promover uma interpretação da peça teatral Happy Days a partir de uma reflexão sobre o termo absurdo, intitulado por Esslin a partir de Camus, à luz das teorias do niilismo nietzschiano e do existencialismo sartriano, bem como averiguar as subcategorias metaficção, paródia e ironia, usufruindo desses conceitos para assegurar nossa investigação no que diz respeitotanto à forma quanto ao conteúdo da obra beckettiana. A peça possui dois atos e apenas dois personagens – Winnie e Willie, seu esposo. No primeiro ato, Winnie se encontra enterrada até a cintura e tem por companhia uma sacola de compras preta onde guarda alguns utensílios, dentre eles: um espelho, um revólver, pasta e escova de dentes. No segundo ato, a personagem está enterrada até o pescoço e a sua frente, Brownie, um revólver, lhe faz companhia. Já a personagem Willie aparece em poucos momentos e quase não participa de forma verbal em cena. Ele está a maior parte do tempo atrás do monte em que Winnie se encontra enterrada, e, por isso, visível aos olhos do público raras vezes. Em sua perspectiva teleológica, Winnie vive à espera de uma vida após a morte, embora, por vezes, o niilismo já pareça ter contaminado sua visão de mundo, visto que ora a personagem se projeta nesse mundo ideal, ora duvide de sua existência. Por isso vemos uma Winnie presa às suas ações limitadas e a uma rotina sem sentido, não desfrutando do que, para Nietzsche, seria o único mundo que existe, o mundo em que vivemos. O tédio que as personagens vivem está impregnado também através do cenário hiperiluminado, que não muda, prescrito por Beckett como uma "luz ofuscante", e provoca, no público, a sensação de estarem vivendo sempre ao meio dia. A eternidade torturante, contraditoriamente, nos leva à finitude humana, ao nada, travestido nas histórias contadas por Winnie e em suas falas, às vezes sem sentido, que preenchem o tempo presente.
Databáze: OpenAIRE