A conformação do Cone Sul em espaço transnacional de exílio e vigilância anticomunista: uma perspectiva a partir da análise dos telegramas diplomáticos (1935-1966)

Autor: Setemy, Adrianna Cristina Lopes
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2015
Předmět:
Zdroj: Antíteses; Vol. 8 No. 15esp (2015): Dossiê: 50 anos do golpe: arte, cultura e poder(Parte II); 101-131
Antíteses; v. 8 n. 15esp (2015): Dossiê: 50 anos do golpe: arte, cultura e poder(Parte II); 101-131
Antíteses
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron:UEL
ISSN: 1984-3356
Popis: Individual life histories and literature are an important record of the experiences and feelings of persecution experienced by those who left Brazil after the installation of the military dictatorship that followed the 1964 coup, that sought refuge in the platinum region where Brazil, Argentina and Uruguay form the triple border . Migratory transit space, the diplomatic documentation reveals, as told by the literary records, that the region was constituted in political action space for those who sought to obtain logistical support and protection in neighboring countries, and also to state officers that continued to persecute political opponents of the current regimes across national borders. From the analysis of diplomatic cables this article will discuss the process by which the border region between the three countries was constituted into transnational space of exile and surveillance in relation to changes in the legal status of the exiled, which occurred at the same time, during the second half of the twentieth century. It is intended to highlight the emergence of a surveillance tradition from Itamaraty to the exiles that circulated through the region, and from there to propose the relativization of the of "bastion of resistance" that prevails in the memory about Brazilian diplomacy during authoritarian times. Os relatos de vida e a literatura constituem um importante registro das experiências e dos sentimentos de perseguição vivenciados por aqueles que deixaram o Brasil após a instalação da ditadura militar que se seguiu ao golpe de 1964, e que buscaram refúgio na região platina, onde Brasil, Argentina e Uruguai formam a tríplice fronteira. Espaço de trânsito migratório, a documentação diplomática revela, assim como contam os registros literários, que a região constituiu-se em espaço de ação política para os que buscaram obter apoio logístico e proteção nos países vizinhos, e também para agentes do Estado que deram continuidade à perseguição dos inimigos políticos dos regimes vigentes para além das fronteiras nacionais. A partir da análise de telegramas diplomáticos, este artigo irá discutir o processo pelo qual a região de fronteira entre os três países se constituiu em espaço transnacional de exílio e vigilância, em relação às modificações pelas quais, paralelamente, passou o estatuto jurídico do exilado durante a segunda metade do século XX. Pretende-se destacar a emergência de uma tradição de vigilância do Itamaraty aos exilados que circularam pela região, e a partir daí propor a relativização da imagem de “bastião da resistência” que predomina na memória sobre a diplomacia brasileira em tempos autoritários.
Databáze: OpenAIRE