Implementação e desigualdades na atenção à saúde reprodutiva

Autor: Miranda, Juliana Rocha
Přispěvatelé: Escolas::EAESP, Farah, Marta Ferreira Santos, Pires, Roberto Rocha C., Lotta, Gabriela Spanghero
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
Fundação Getulio Vargas (FGV)
instacron:FGV
Popis: Esta dissertação trata da (re)produção de desigualdades, na implementação de políticas públicas, nos atendimentos em matéria de atenção à saúde reprodutiva na Atenção Primária em Saúde (APS). O objetivo é contribuir com as análises que refletem sobre como discussões a respeito de (re)produção de desigualdades no nível da rua, já consolidadas em contextos internacionais, aplicam-se ao caso brasileiro. Nesta tarefa de contextualização, enfatizamos as desigualdades de gênero, que se articulam a outros tipos de desigualdade, como raça e condição socioeconômica. Em atenção à literatura especializada e a diferentes enfoques sobre o exercício de discricionariedade por burocratas de nível de rua (BNR), investigamos a (re)produção de desigualdades de gênero nas dimensões do sistema organizacional e dos processos de categorização e julgamento que marcam o exercício da discricionariedade. O caso da atenção à saúde reprodutiva justifica-se pelos atravessamentos de gênero. Fizemos pesquisa Unidades Básicas de Saúde com indicadores socioeconômicos e de qualidade de vida contrastantes. Os dados empíricos levantados foram documentos e entrevistas, sendo os primeiros normativos de níveis federal e municipal sobre a APS, assim como orientações e comandos voltados para o trabalho com saúde reprodutiva. Já as segundas foram entrevistas semiestruturadas, que buscaram captar percepções e valores sobre as e os pacientes-usuárias/os no tema de estudado. Fizemos, ademais, aplicação de vinhetas, procurando obter comparações. Como resultado, na dimensão político-organizacional, nós identificamos que as BNR sentem restrições por falta de recursos e pela necessidade de cumprir metas, o que as leva a racionar o atendimento em visitas, consultas de pré-natal e de planejamento familiar. Já na dimensão das categorizações e julgamentos, percebemos que são caracterizados tanto por questões de diferença socioeconômica, como por criação de fronteiras simbólicas com fundamento em moralidade. Este aspecto predomina em relação ao socioeconômico, havendo, no entanto, registro de algumas diferenças entre categorizações por profissionais, por UBS e por vinheta. Do ponto de vista da reprodução de desigualdade, mapeamos categorizações e encaminhamentos que apontam para tutela das escolhas e caminhos de algumas mulheres, assim como para a reiteração de papéis de gênero que responsabilizam mulheres e mães, em detrimento de homens, pais e parceiros, reiterando, assim, desigualdades intrafamiliares. This essay is about the (re)production of inequalities in the implementation of public policies in attendance regarding reproductive health care in Primary Health Care (PHC). The objective is to contribute to analyzes that reflect on how discussions already developed in international contexts regarding (re)production of inequalities at street level apply to the Brazilian case. In this contextualization task we emphasize gender inequalities, which are linked to others such as race and socioeconomic status. Parting from specialized literature and different approaches to the exercise of discretion by street-level bureaucrats (SLB), we investigate the (re)production of gender inequalities in the dimensions of the political-organizational systems and the processes of judgment and categorization that mark the exercise of discretion. The case of reproductive health care is justified by gender implications. We conducted our research on Basic Health Units (acronym in Portuguese: UBS), contrasting socioeconomic and quality of life indicators. The empirical data collected were documents and interviews: the first were norms at the federal and municipal levels on PHC, as well as guidelines and commands aimed at working with reproductive health. The second, on the other hand, were semi-structured interviews, which sought to capture perceptions and values about patients-users. In addition, we applied vignettes, seeking comparisons. As a result, in the political-organizational dimension, we identified that the SLB feel constrained by lack of resources and the need to meet goals, which leads them to ration the attendance during visits, prenatal consultations and family planning. In the dimension of categorizations and judgments, we realize that they are characterized both by issues of socioeconomic difference, and by the creation of symbolic borders based on morality. This aspect predominates in relation to the socioeconomic one. However there are some differences between categorizations by professionals, by UBS and by vignette. From the point of view of the reproduction of gender inequalities, we map categorizations and referrals that point to the tutelage of choices and paths of some women, as well as to the reiteration of gender roles that hold women and mothers responsible at the expense of men, fathers and partners reinforcing thus intrafamily inequalities.
Databáze: OpenAIRE