Trajetórias socioespaciais, narrativas cinematográficas e lazer de cineastas negras: intersecções entre racismo e sexismo
Autor: | Iara Félix Pires Viana |
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Přispěvatelé: | Christianne Luce Gomes, Nilma Lino Gomes ( UFMG), Ana Lúcia Silva Souza ( UFBA ), Elisângela Chaves ( UFMG ), Vânia de Fátima Noronha Alves (PUC-MG) |
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2021 |
Předmět: | |
Zdroj: | Repositório Institucional da UFMG Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
Popis: | FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais Este trabalho almeja juntar-se às pesquisas que têm buscado refletir sobre as relações raciais na sociedade brasileira e as implicações nos campos acadêmico e artístico, sendo este último considerado especificamente na produção audiovisual. O objetivo geral é discutir as intersecções de gênero e raça nas trajetórias socioespaciais e nas compreensões/vivências de lazer de cineastas negras. Os específicos são compreender: a) a percepção de cineastas negras sobre o racismo epistêmico e o sexismo em seus percursos, bem como em suas produções audiovisuais. b) as negociações (im)possíveis/existentes entre a criação autoral autônoma negra e os contextos políticos, epistemológicos e ontológicos racializados desta produção. A pesquisa fundamenta-se nas contribuições dos estudos decoloniais, dos estudos do lazer, da crítica feminista, da teoria do cinema e do feminismo negro acerca das intersecções do racismo e do sexismo, assumindo como ato político o lugar de fala. De natureza qualitativa, com a técnica da entrevista em profundidade, a matéria-prima desta construção investigativa se compõe das trajetórias socioespaciais de sete mulheres negras cineastas. Para a organização e a sistematização dos resultados, foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), por meio do software Qualiquantisoft, técnica na qual pode-se trabalhar com amostras selecionadas de indivíduos, segmentando ou filtrando os resultados por ancoragens e ideias-chaves. Foram definidas seis categorias de análise: 1ª) autorrepresentação/interseccionalidade(s); 2ª) feminismo negro decolonial; 3ª) racismo epistêmico/memoricídio; 4ª) cinema negro; 5ª) aquilombar-se/Movimento Negro educador e o 6ª) lazer da humanidade negra. A análise foi conduzida com base no conceito de socioespacialidade feminina e negra e se delineou a partir dos deslocamentos do ser mulher negra, para ser mulher negra cineasta. Considerando o papel do cinema como produto e produtor de imaginário, verificou-se, na análise dos discursos dos sujeitos coletivos, os trânsitos e os deslocamentos espaciais, sociais e simbólicos sobre os quais incide o entrecruzamento do racismo, do sexismo e da desigualdade social, embora emerjam a capacidade de agência, estratégias criativas de (re)existência na construção narrativa e nos elementos da linguagem audiovisual, que perpassam pelo racismo epistêmico, pelo Movimento Negro educador e pela definição política e afirmativa daquilo que hoje denomina-se cinema negro. Em função do contexto racializado da investigação, foi construído um movimento transcendental para agregar uma nova concepção de lazer, o qual foi nomeado nesta tese de lazer insubmisso. Trata-se de um lazer que acolhe os corpos negros como humanos. Assim, a multidimensionalidade do lazer cinematográfico se configura neste estudo como dialógico, caracteriza-se como detentor de um enredo político, ético, estético e afirmativo. Espera-se encorajar pesquisas futuras na ampla área de produção de conhecimento em Estudos do Lazer, Cinema e Educação, interrogando e valorizando a multiplicidade e a interseccionalidade. This work aims to join research that has sought to reflect on race relations in Brazilian society and the implications in the academic and artistic fields, the latter being considered explicitly in audiovisual production. The general objective is to discuss intersections of gender and race in the socio-spatial trajectories of black filmmakers. The specific ones are to understand: a) the perception of black filmmakers about epistemic racism and sexism in their trajectories and their audiovisual productions. b) the (im)possible/existent negotiations between black autonomous authorial creation and the racialized political, epistemological, and ontological contexts of this production. The research is based on the contributions of decolonial studies, leisure studies, feminist criticism, film theory, and black feminism about the intersections of racism and sexism, assuming the place of speech as a political act. Of a qualitative nature, with the technique of in-depth interviews, the raw material of this investigative construction is composed of the socio-spatial trajectories of seven black women filmmakers. For the organization and systematization of the results, the Discourse of the Collective Subject (DSC), technique was used through the Qualiquantisoft software, which can work with selected samples of individuals, segmenting or filtering the results anchorages and critical ideas. Six categories of analysis were defined: first) self-representation/intersectionality(s); second) decolonial black feminism; third) epistemic racism/memoricide; fourth) black cinema; fifth) aquilombing/black educator movement and sixth) the leisure of black humanity. The analysis was conducted based on the concept of feminine and black socio-spatiality and delineated from the dislocations of being a black woman to being a black woman filmmaker. Considering the role of cinema as a product and producer of imaginary, we verified in this discourses analysis the collective subjects, the transits, and spatial, social, and symbolic displacements on which the intersection of racism, sexism, and social inequality incurs. Although the capacity for agency, creative strategies of (re)existence in the narrative construction, and the elements of audiovisual language emerge, which go through epistemic racism, the Black Educator Movement, and the political and affirmative definition of what today is called Black cinema. In this thesis, due to the racialized context research, a transcendental movement was constructed to add a new conception of leisure, named unsubmissive leisure. It is leisure that welcomes black bodies as humans. Thus, the multidimensionality of cinematic leisure is configured in this study as dialogic, characterized as holding a political, ethical, aesthetic, and affirmative storyline. It is hoped to encourage future research in the broad area of knowledge production in Leisure Studies, Cinema, and Education, interrogating and valuing multiplicity and intersectionality. |
Databáze: | OpenAIRE |
Externí odkaz: |