Of Calian to Prospero: the brazilian society and the foreign policy of the Republic (1889 - 1945)

Autor: Cardoso, Ludimila Stival
Přispěvatelé: Nazareno, Elias, Patti, Carlos, Chaveiro, Eguimar Felicio, Menezes, Gerson Galo Ledezma, Oliveira, Marcelo Fernandes de
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2015
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFG
Universidade Federal de Goiás (UFG)
instacron:UFG
Popis: Esta tese procurou analisar a presença e participação social na política externa brasileira. Começamos nossas análises tendo como mote investigativo a dicotomia Próspero/Caliban, duas personagens da peça A tempestade (1611) de Willian Shakespeare, vistas por pensadores pós-coloniais como a representação das relações entre colonizador e colonizado. Para esta tese, essas personagens poderiam significar distância entre a política externa e a sociedade brasileira. A primeira ligada ao Próspero e a segunda ao Caliban, aquele ser do qual é retirado a prerrogativa de humanidade pelo domínio europeu, mas que resiste à dominação (resistência decolonial). Compreendemos que era necessário um “giro decolonial” em nossa tese, por isso discutimos a perspectiva da colonialidade do poder, a partir da qual entendemos que a América era parte constitutiva da formação do sistema-mundo, por meio da rota comercial do Atlântico. Assim, o sistema-mundo moderno e capitalista seria também colonial. Mas a colonialidade do poder está relacionada, sobretudo, a um processo de inferiorização de contingentes populacionais indígenas, negros/afrodescendentes e femininos em razão de seus fenótipos, ou seja, está ligada à noção de “raça” (colonialidade do ser), assim como aos saberes outros (colonialidade do saber) e às formas de espiritualidade outras e suas relações com a natureza (colonialidade da natureza). Em outras palavras, esses estratos seriam inferiores tanto ontológica quanto epistemologicamente. Essas primeiras análises nos levaram a revisitar períodos históricos anteriores ao momento em foco na tese: o lapso de tempo entre a Proclamação da República (1889) e a Era Vargas (1930 – 1945). Voltamos, pois, à colonização, os primeiros contatos entre indígenas e europeus (portugueses), a União Ibérica (1580 – 1640), a Restauração Portuguesa (1640) e a Independência (1822). Um caminho que nos ajudou a compreender como a sociedade e o Estado brasileiro se estruturaram. O primeiro baseado no “mito fundador” da grandeza territorial. E a segunda carregando as marcas da inferioridade, perspectiva que discutimos a partir da colonialidade do poder e de uma análise, ainda que en passant, de diversos intérpretes do Brasil. Detemo-nos também sobre a política indigenista empreendida desde o período colonial até a instituição da República (1889) chegando à Vargas (1930 – 1945). Percebemos com essas análises que o objetivo do Estado brasileiro era, principalmente, integrar o indígena à comunhão nacional transformando-o em mão de obra, além de utilizá-lo como protetor de fronteiras. Nesse ponto política indigenista e política externa se aproximam, já que um dos principais escopos desta última seria assegurar a integridade do território brasileiro e, quando possível ampliá-lo. Começamos, então, a análise dos relatórios do Ministério das Relações Exteriores entre 1889 e 1945. Após a análise dessa documentação, ratificamos a importância da integridade do território para o Estado brasileiro e percebemos também a existência de um discurso no qual o Brasil aparece como defensor dos princípios da civilização, cujo modelo político, epistêmico, social e cultural é o Ocidente. Um discurso que, além de outras questões, inviabiliza a presença e participação de contingentes populacionais com outras formas de existência e de organização social e econômica, ou seja, indígenas e negros/afrodescendentes. Ainda que, cabe uma ressalva, esse déficit democrático e de participação tenha se alterado, em alguma medida, nos anos 1980, quando os movimentos sociais começaram a se interessar pelos assuntos internacionais, em razão da luta pela manutenção dos direitos trabalhistas, em risco pelas medidas de liberalização econômica e desregulamentação do mundo do trabalho. Esse processo está, contudo, em construção e depende de um diálogo intercultural, que torne o Ministério de Relações Exteriores e sua área de atuação o lugar do interepistêmico. This thesis sought to analyze the presence and social participation of Brazilian foreign policy. We begin our analysis with an investigation of the dichotomy of Prospero and Caliban, two characters within William Shakespeare's play, "The Tempest" (1611), viewed by post-colonial thinkers as representative of the relationship between the colonizer and the colonized. For this thesis, these characters represent the distance between Brazilian foreign policy and Brazilian society. The first, Prospero, is symbolic of those thriving and in power, while the second, Caliban, is symbolic of those whose humanity has been removed by the prerogative of European domination, but who nevertheless resist domination (resist decolonization). We understand that what was needed was a "swing decolonization" in our thesis, so we discussed the prospect of "coloniality of power," of which we believe America, through the Atlantic trade route, to have been a constituent part of the training of the world system. Therefore, the world system and modern capitalism would also be considered colonial. But the "coloniality of power" is related, in particular, to a process that degrades a portion of the indigenous population, such as blacks, and also degrades women, due to their phenotypes, i.e., it is linked to the concept of "race" ("coloniality of being"), as well as to the knowledge of other ("coloniality of knowledge"), and to forms of spirituality and its relationship with nature ("coloniality of nature"). In other words, these strata would be lower than both ontological and epistemological orientation. These initial analyzes led us to revisit historical periods prior to the focus of this thesis: in particular, the time between the Proclamation of the Republic (1889) and the Vargas Era (1930 - 1945). We therefore arrive at colonization, the first contacts between the indigenous peoples and Europeans (Portuguese), the Iberian Union (1580 - 1640), the Portuguese Restoration (1640), and Independence (1822). This process and path has helped us understand how society and the Brazilian State itself is structured. The first is based on the "myth" of territorial greatness; and the second, by pressing the marks of inferiority, we discuss a perspective from the "coloniality of power" and an analysis, even incidentally, of various interpreters of Brazil. We reflect also on the indigenist policy undertaken since the colonial period until the institution of the Republic (1889) arriving in the Vargas (1930 - 1945). We realized with these analyzes that the objective of the Brazilian State was, mainly, to integrate the indigenous population into national communion, transforming it into a labor force, in addition to using it as a protector of borders. At this point, indigenous politics and foreign policy intersect, since one of the main scopes of the latter would be to ensure the safety of the Brazilian territory and, when possible, to enlarge it. We start, then, with an analysis of the reports of the Ministry of Foreign Affairs between 1889 and 1945. After analysis of this documentation, we explore the importance of the integrity of the territory for the Brazilian State, and examine also the existence of a speech in which Brazil appears as an advocate of the principles of a civilization whose political model is epistemic of a social and cultural conscience of the West. A speech that, in addition to addressing other issues, presents the presence and participation of a population contingent upon other ways of life, and other social and economic organization, i.e. indigenous and black. Still, it is an exception, this democratic deficit and participation has changed, to some extent, in the 1980s, when the social movements began to be interested in international affairs, by way of the fight for the maintenance of labor rights, at risk to deregulation of the labor market and a measure of economic liberalization. This process is, however, under construction and depends on an intercultural dialog, which makes the Ministry of Foreign Affairs and its area of operation the place of intersection and connection.
Databáze: OpenAIRE