Ritos iniciáticos e a consciência crítica : diálogos entre psicologia analítica e a Pedagogia do Oprimido

Autor: Soares, Andrew Omar, 1987
Přispěvatelé: Melo Junior, Walter, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Serbena, Carlos Augusto, 1968
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2022
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFPR
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
instacron:UFPR
Popis: Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Serbena Coorientador: Prof. Dr. Walter Melo Junior Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Defesa : Curitiba, 29/11/2021 Inclui referências Resumo: Os ritos iniciáticos possuem a importante função de inscrever psicologicamente os sujeitos na cultura, representando um ponto de convergência importante entre a dimensão psíquica individual e a vida pública e política (psicopolítica). Verificamos o crescimento no Brasil de estudos em psicologia analítica acerca da temática política a partir de uma revisão de literatura em bases de dados nacionais sobre o assunto (período de 1986 à 2019). Os trabalhos mais relevantes sobre o assunto atualmente são os que abordam o conceito de complexo cultural. Entre as principais lacunas, encontramos poucos trabalhos que abordem autores brasileiros e que discutam os ritos iniciáticos em sua dimensão psicopolítica. A fim de abordar essa última temática, optamos pelo estudo em profundidade do livro "Nascer Não Basta: Iniciação e Toxicodependência" de Luigi Zoja a partir de uma análise crítica focada no conceito de ritos iniciáticos. Buscamos evidenciar problemas de fundamentação teórica na obra, principalmente o uso a generalizações excessivas, falhas metodológicas e interpretações hoje desatualizadas em psicologia analítica. Entre as críticas mais pertinentes salientamos um olhar saudosista e romantizado acerca dos ritos iniciáticos e dos supostos elementos arquetípicos e inatos reprimidos na vivência contemporânea. A fim de abordar o simbolismo dos ritos iniciáticos de modo atual e respeitando as especificidades da cultura brasileira, optamos pela utilização do método de humanização proposto pela Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire. Consideramos que tal método, do ponto de vista teórico, pode ser considerado um processo análogo a uma iniciação laica, sendo capaz de constelar o simbolismo da morte e renascimento. Tal metáfora manifesta-se na morte da consciência oprimida e ingênua para o nascimento da consciência crítica. A fim de fundamentar essa hipótese, realizamos um estudo teórico/conceitual onde elencamos as passagens na obra em que o autor literalmente associa sua proposta pedagógica como um processo de morte e renascimento. Para além disso demonstramos como a pedagogia do oprimido compreende em um nível não dogmático as três características básicas dos ritos iniciáticos perdidos na modernidade (sacralidade, irreversibilidade e falta de alternativas segundo Zoja). Por fim, procuramos demonstrar como os ritos iniciáticos possibilitam um eixo profícuo de interação entre a psicologia analítica e a pedagogia freiriana, abordando possibilidades de expansão desse diálogo. Abstract: Initiation rites have the important function of psychologically inscribing people in culture, representing an important point of convergence between the individual psychic dimension and public and political life (psychopolitical). We verified the growth of analytical psychology studies in Brazil about the political theme based on a literature review in national databases on the subject (period from 1986 to 2019). Currently, the most relevant works on the subject are those that address to the cultural complex concept. Among the main gaps, we find few works that address Brazilian authors and that discuss initiation rites in their psychopolitical dimension. To address this last theme, we opted for an in-depth study of the book "Drugs, Addiction, and Initiation: The Modern Search for Ritual" by Luigi Zoja based on a critical analysis centered on the concept of initiation rites. We seek to highlight theoretical foundation problems in the work, especially excessive generalizations use, methodological flaws and currently outdated interpretations in analytical psychology. Among the most pertinent criticisms, we highlight a nostalgic and romanticized look at the initiation rites and the supposed archetypal and innate elements repressed in contemporary life. In order to address the symbolism of initiation rites in a current way and respecting the Brazilian cultural specificities, we chose to use the method of humanization proposed by Paulo Freire's Pedagogy of the Oppressed. We consider that such method, from a theoretical point of view, can be considered a process analogous to a lay initiation, being able to constellate the death and rebirth symbolism. Such metaphor manifests itself in the oppressed and naive conscience death for the critical conscience birth. In order to support this hypothesis, we carried out a theoretical/conceptual study where we listed the passages in the work in which the author literally associates his pedagogical proposal as a death and rebirth process. Furthermore, we demonstrate how the pedagogy of the oppressed comprehend on a non-dogmatic level the three basic initiatory rites characteristics lost in modernity (sacredness, irreversibility and lack of alternatives according to Zoja). Finally, we seek to demonstrate how initiation rites enable a fruitful interaction axis between analytical psychology and Freire's pedagogy, addressing possibilities for expanding this dialogue.
Databáze: OpenAIRE