'Entre-Lugar': Uma noção pós-colonizadora, desde o século XIX

Autor: Rocha Juliano, Dilma Beatriz
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2018
Předmět:
Zdroj: Revista Crítica Cultural; v. 13 n. 2 (2018); 219-231
Crítica Cultural
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
instacron:UNISUL
ISSN: 1980-6493
Popis: Much of the writings on slavery in Brazil tend to ratify the black / white hierarchy by attributing to the former the power imposed by force and the latter by the submission that victimizes it. Making use of the notion of between-place (Santiago, 2000) I intend a reading of As vítimas-algozes. Quadros da escravidão (Macedo, 2006), pointing out that, even under the abolitionist white look of the author, there is a powerful figuration of the slave to fight against his condition of enslavement in the three narratives that make up the book – Simeão: o crioulo; Pai-Raiol: o feiticeiro and Lucinda: a mucama. In this reading, Joaquim Manuel de Macedo would create a colonialist counterreality in which the perversion of slavery launches masters and slaves in a game in which both play the role of victim-killers: masters aiming at enrichment by exploiting the 'race' and the enslaved seeking resist and fight back. For the author, black and black violence is not attributed to race as a biological characteristic, but to slavery that is "poisonous tree planted in Brazil by the early settlers." Thus, slavery as a political gesture can denaturalize violence, allowing the black fighting force to appear in the 'non-place', in the interval space that the title of the book itself exhibits. Grande parte dos escritos sobre a escravidão no Brasil tende a ratificar a hierarquia branco/negro atribuindo ao primeiro o poder imposto à força e ao segundo a submissão que o vitimiza. Lançando mão da noção de entre-lugar (Santiago, 2000) pretende-se uma leitura d’As vítimas-algozes. Quadros da escravidão (Macedo, 2006) apontando que, mesmo sob olhar branco abolicionista do autor, há uma figuração potente do negro para a luta contra sua condição de escravizado nas três narrativas que compõe o livro – Simeão: o crioulo; Pai-Raiol: o feiticeiro e Lucinda: a mucana. Nesta leitura, Joaquim Manuel de Macedo criaria uma contracena colonialista em que a perversão da escravidão lança senhores e escravos num jogo em que, ambos, desempenham posições de vítimas-algozes: os senhores almejando o enriquecimento pela exploração da ‘raça’ e os escravizados buscando resistir e revidar. Para o autor, a violência cometida pelos negros e negra não é atribuída à raça como característica biológica, mas à escravidão que é “árvore venenosa plantada no Brasil pelos primeiros colonizadores”. Assim, a escravidão como gesto político pode desnaturalizar a violência, permitindo que a força de luta negra apareça no ‘não-lugar’, no espaço intervalar que o próprio título do livro exibe.
Databáze: OpenAIRE