Será o homem a cumeeira da casa? Ou sou dona do meu próprio nariz? Violência contra mulheres rurais na Bahia

Autor: Franco, Maria Asenate Conceição
Přispěvatelé: Tavares, Márcia Santana, Bandeira, Lourdes Maria, Barros, Zelinda dos Santos, Delgado, Josimara Aparecida, Araujo, Rosangela Janja Costa, Noronha, Valéria dos Santos
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2018
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFBA
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron:UFBA
Popis: Submitted by Maria Asenate Franco (masenatecf@gmail.com) on 2018-11-23T14:20:57Z No. of bitstreams: 1 TESE_ASENATE 02_11_18.pdf: 7943022 bytes, checksum: 2c198fd6737a1009e0350cc6bbb9f1ed (MD5) Approved for entry into archive by Biblioteca Isaías Alves (reposiufbat@hotmail.com) on 2018-11-26T18:39:02Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESE_ASENATE 02_11_18.pdf: 7943022 bytes, checksum: 2c198fd6737a1009e0350cc6bbb9f1ed (MD5) Made available in DSpace on 2018-11-26T18:39:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1 TESE_ASENATE 02_11_18.pdf: 7943022 bytes, checksum: 2c198fd6737a1009e0350cc6bbb9f1ed (MD5) Nesta tese proponho (re)olhar à questão da violência de gênero contra mulheres trabalhadoras rurais. A simbologia semântica “homem – cumeeira da casa” e “mulher – dona do próprio nariz” emerge da trajetória de cinco anos dedicados ao estudo de mulheres trabalhadoras rurais das cidades de Governador Mangabeira e Muritiba, situadas no Recôncavo Baiano, sob uma perspectiva feminista e de gênero. As primeiras palavras desafiadoras traduzem este trajeto teórico-empírico ao desfiar a violência de gênero na historiografia da mulher brasileira, dei início à contextualização a partir do foco mulher, mulheres e suas histórias (bem ou mal) contadas. O patriarcado é reproduzido através das violências de gênero, ora traduzidas como violência simbólica, num continuum e, neste contexto, “eu vejo o futuro repetir o passado...”. Na contramão do sistema patriarcal, os movimentos feministas e os movimentos de mulheres respondem pela conquista do marco legal, a Lei Maria da Penha: lutas, resistências e conquistas. A base empírica desta pesquisa seguiu a trilha metodológica para (re) construção do objeto investigado, (re) conhecendo o espaço geográfico da pesquisa de campo: Quem é quem? As histórias de vida: heroínas e guerreiras, sujeitas da pesquisa de campo. Quantas histórias de vida foram coletadas, em cada município mencionado? Quem foram as mulheres que participaram dos relatos ou narrativas? Um breve ‘perfil’. Esboço para um autorretrato: elas por elas. Questões chaves que nortearam as suas narrativas relacionadas ao problema. Assim, foi construído um ‘roteiro’ de entrevista, com a indicação da técnica análise de conteúdo temática de Bardin para o tratamento de dados reunidos durante a pesquisa de campo. A sequência da escrita se preocupou com a temática sobre as mulheres, suas memórias, ruralidades e sujeitas políticas e destacou a personalidade de Margarida Alves, a partir de sua identidade enquanto mulher trabalhadora rural, a Marcha das Margaridas, símbolo do feminismo camponês e sua luta contra a violência de gênero no meio rural, na reivindicação por políticas públicas. O trabalho de campo resultou na construção de um mosaico da violência de gênero nas histórias de vida de 20 mulheres trabalhadoras rurais baianas. Ao rememorar e ressignificar as narrativas das suas histórias de vida em contextos rurais baianos, emergiram várias categorias: religiosidade, nas quais se ancoram para suportar as muitas dores; conjugalidades feitas, desfeitas e refeitas; violências de gênero identificadas; violências intergeracionais, o cruzamento de eixos de subordinação – ser mulher; ser negra; trabalhadora rural [classe], a violência doméstica e ‘familiar’ e seu reflexo nas crianças; a violência de gênero contra mulheres ‘velhas’; ‘as mulheres da rua’ [relação extraconjugal] – “as negas dele”. Dentre os achados da pesquisa, as mulheres rurais que conseguem romper relações abusivas tornam-se responsáveis pelo sustento econômico do grupo familiar e, acima de tudo, “donas de seu próprio nariz”, mas aquelas que continuam convivendo com os autores de violência ainda percebem seu trabalho como “ajuda”, pois são mulheres, a quem cabe a reprodução social, enquanto reafirmam o papel masculino de provedor, como “cumeeira da casa”, sem o qual a família não consegue sobreviver. In this thesis I propose (re) look to the issue of gender violence against rural women workers. Semantic symbols "man-ridge of the House" and "woman-owned the nose" emerges from the trajectory of five years devoted to the study of women rural workers to the cities of Governor Mangabeira and Muritiba situated in the Recôncavo Baiano, under a feminist and gender perspective. The first challenging words translate this path to unravel the empirical-theoretical gender violence on women's brazilian historiography, I started the background from the focus woman, women and their stories (good or bad) counted. Patriarchy is played through the gender violence, sometimes translated as symbolic violence, a continuum and in this context "I see the future to repeat the past...". Against the patriarchal system, the feminist movements and the movements of women respond by winning the legal framework, the Maria da Penha Law: struggles, resistances and achievements. The empirical basis of this research followed the methodological track to (re) construction of the investigated object, (re) knowing the geographical space of the field research: who's who? Life stories: Heroes and warriors subject of field research. How many life stories were collected in each municipality mentioned? Who were the women who participated in the stories or narratives? A brief ‘profile’. Stub for a self-portrait: it. Key issues that guided their narratives related to the problem. Thus was built a 'roadmap' of interview, with indication of the thematic content analysis technique of Bardin to treat data gathered during field research. The string writing was concerned with the theme on women, their memories, country and policies and highlighted personality of Margarida Alves, from your identity while working woman, the March of Daisies, symbol of feminism peasant and your fight against gender violence in the countryside, in the claim by public policies. The field work has resulted in the construction of a mosaic of gender violence in the life stories of 20 rural bahian women workers. To recall and resign the narratives of their life stories in rural local contexts, emerged several categories: religion, in which anchor to withstand a lot of pain; connubial made, undone and redone; gender violence identified; intergenerational violence, the intersection of axes of subordination – being a woman; be black; rural worker [class], domestic violence and ' familiar ' and your reflex in children; the gender violence against women ' old '; ' women of the street ' [extramarital relationship] – "do you deny it." Among the findings of the survey, rural women who manage to break through abusive relationships become responsible for economic sustenance of the family group and, above all, "real housewives of your own nose", but those who continue living with the authors of violence still perceive your work as "help", because they are women, who is social reproduction, while reaffirming the male role of provider, such as "ridge of the House", without which the family cannot survive.
Databáze: OpenAIRE