Guardiãs de sementes crioulas do Alto Sertão de Sergipe : no cultivo da diversidade, construindo autonomia camponesa
Autor: | Santos, Thais Moura dos |
---|---|
Přispěvatelé: | Ramos Filho, Eraldo da Silva |
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2020 |
Předmět: | |
Zdroj: | Repositório Institucional da UFS Universidade Federal de Sergipe (UFS) instacron:UFS |
Popis: | Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe - FAPESE São Cristóvão A presente dissertação teve como objetivo compreender a importância do trabalho feminino na conservação das sementes crioulas, e como esse processo contribui na construção da autonomia camponesa nas localidades sergipanas Bom Jardim/Poço Redondo e Lagoa da Volta/Porto da Folha. Para subsidiar nossas análises, adotamos como procedimentos metodológicos a leitura de referencial teórico, trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas e caderno de campo, que a posteriori foram traduzidos em dados quantitativos e qualitativos. Pudemos concluir no trilhar dos diálogos que perfizeram esse estudo, que a guarda de sementes ancestralmente se faz presente nas comunidades, sendo uma prática que se liga à necessidade de armazenar material genético de uma colheita, para dar origem às lavouras seguintes. Com a entrada das sementes transgênicas no campo sergipano, muitos camponeses foram induzidos a abandonar as sementes de família, acentuando o fenômeno da erosão genética. Como forma de combater a perda da diversidade, a figura do Guardião e da Guardiã de sementes, sujeitos históricos constituídos a partir das tradições comunitárias, passaram a ganhar visibilidade. Nas comunidades percebemos a forte presença das mulheres nesse processo de conservação e multiplicação das sementes crioulas. Sempre utilizando os quintais, arredores de casa e roças, as Guardiãs produzem ampla variedade de alimentos e sementes, que além de servirem para a autossuficiência alimentar são comercializadas, permitindo a obtenção de mercadorias não produzidas dentro da Unidade de Produção Familiar Camponesa, fato que tributa à reprodução de uma vida digna. São também as mulheres que se responsabilizam pelo armazenamento das variedades crioulas nas casas comunitárias de sementes, prática que diminui o risco de perda e atesta a qualidade do material genético, além de garantir ações de sociabilidade camponesa. A presença de mediadores sociais, tais como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), impulsiona estratégias e ações de conservação e multiplicação das sementes como intercâmbios, formações e oficinas. Como saldo desses processos de mediação, as Guardiãs passaram a discutir e entender as sementes em seu sentido político de embate à lógica do agronegócio e perceber a importância do seu trabalho para a manutenção da vida e aporte para construção de autonomia camponesa. |
Databáze: | OpenAIRE |
Externí odkaz: |