Assistência ao parto em mulheres indígenas de Pernambuco, 2008 a 2015

Autor: BEZERRA, Diana de Oliveira
Přispěvatelé: ALVES, Sandra Valongueiro
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2017
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFPE
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron:UFPE
Popis: Ao longo dos anos, o modelo de assistência à gestação e ao parto vem sofrendo transformações no Brasil. Com o avanço da medicina, as mulheres, que antes eram consideradas protagonistas daquele momento, passaram a ser vítimas de um modelo de parto medicalizado. A atenção ao parto se transformou em ato médico, centrado no hospitalar, com crescente nível de intervenções. Como consequência, o Brasil tornou-se um dos países com maior ocorrência de cesarianas no mundo, que remete a um cenário de padronização do nascimento, desconsiderando aspectos culturais das mulheres. A diversidade sociocultural, econômica e epidemiológica que caracteriza o universo feminino brasileiro configura-se ainda um grande desafio enfrentado pelas políticas do governo. As mulheres indígenas compõem uma parte dessa população culturalmente diferenciada que demanda a criação de uma política de saúde adequada aos múltiplos contextos étnicos dos quais elas fazem parte. Este estudo teve como objetivo analisar o modelo de assistência ao parto em mulheres indígenas no período de 2008 a 2015 em Pernambuco. Tratou-se de um estudo descritivo em que inicialmente foi realizada uma pesquisa documental sobre modelo de assistência ao parto entre mulheres indígenas no Brasil. Em seguida, foram analisadas as informações contidas na Planilha de Nascimentos do DSEI/PE e complementados com dados do SINASC/PE entre os anos de 2008 e 2015. A pesquisa documental mostrou inexistência de ações e políticas específicas para as mulheres indígenas durante o período gravídico-puerperal. Em relação atenção obstétrica, verificou-se uma média de 700 nascimentos ao ano, destacando-se as etnias Pankararu (21%) e Xukuru do Ororubá (21%) com maior número de nascimentos no período. Predominam (76%) as mulheres com idade entre 20 e 39 anos, 74% de parto vaginal, porém observou-se índice de cesariana (26%) acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Apenas 5% dos partos entre os anos 2008 a 2015 aconteceram nas aldeias. A escassez de políticas públicas de atenção ao parto respeitando as especificidades dos povos indígenas vem, ao longo do período também sofrendo mudanças, sendo essas influenciadas pelo modelo predominantemente hospitalar e medicalizado da população não indígena. Over the years, the pregnancy care procedures and childbirth has gone under changes in Brazil. With the advancement of medicine, women, who were previously considered the protagonists of that moment, became victims of a medical delivery model. Attention to childbirth turned into a medical act, centered in the hospital, with increasing level of interventions. As a consequence, Brazil has become one of the countries with the highest occurrence of cesarean births in the world, which refers to a scenario of birth standardization, disregarding women's cultural aspects. The sociocultural, economic and epidemiological diversity that characterizes the Brazilian feminine universe is still a great challenge faced by the government policies. Indigenous women make up a part of this culturally-diverse population that demands the creation of an appropriate health policy to the plural-ethnic context of which they are part. This study aimed to analyze the practices of delivery assistance in indigenous women from 2008 to 2015 in Pernambuco. On this work, it was carried out a documentary research on the practices of childbirth care among indigenous women in Brazil. Next, the DSEI / PE Birth Database was analyzed and further supplemented with data from SINASC / PE between 2008 and 2015. The documentary research showed that there were no specific actions and/or policies for indigenous women during the pregnancypuerperal period. In relation to obstetric care, there were an average of 700 births per year, of which 21% if from Pankararu and 21% if from Xukuru do Ororubá, the two highest-ranked ethnics. The data also shows that, 76% of the pregnant women are aged between 20 and 39 years, 74% had vaginal delivery, and only 26% had a cesarean section – which is higher than that recommended by the World Health Organization. Furthermore, only 5% of deliveries between 2008 and 2015 took place in the villages. Finally, the shortage of public policies for childbirth care, respecting the specificities of indigenous peoples, has been changing throughout the period, and these have been influenced by the predominantly hospital and medicalized model of the non-indigenous population.
Databáze: OpenAIRE