Do laboratório ao manejo clínico : a hemocromatose hereditária sob as óticas epidemiológica e experimental
Autor: | Santos, Nathalia Kersting dos |
---|---|
Přispěvatelé: | Leistner-Segal, Sandra, Onsten, Tor Gunnar Hugo |
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2022 |
Předmět: | |
Zdroj: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
Popis: | A Hemocromatose Hereditária (HH) é classificada como um distúrbio autossômico recessivo caracterizado pelo aumento da absorção do ferro intestinal, podendo levar a estoques excessivos nos parênquimas hepático, cardíaco, pancreático, tireoidiano, gônadas e articulações. Com a saturação, tanto no sistema de armazenamento, bem como de transporte, o excesso do metal livre fica sujeito a reações físico-químicas, principalmente as de Fenton e Haber-Weiss, o que desencadeia uma série de cascatas inflamatórias, dano ao material genético e morte celular, resultando em insuficiências teciduais ou mesmo a tumorigênese. As variantes genéticas mais descritas são relacionadas ao gene HFE (C282Y, H63D e S65C). Outros subtipos já descritos envolvem os genes HFE2 (HJV), HAMP, SLC40A1, TRFC1 e TRFC2. O tratamento mais eficaz se dá pelo procedimento de flebotomias. O monitoramento dessa terapêutica é feito pelos exames ferritina sérica e saturação de transferrina, principalmente. Entretanto, ao se considerar o caráter multifatorial da HH, limitações quanto às ferramentas disponíveis para controle da doença são claras, não existindo nenhum biomarcador que possa ajudar na mensuração mais precoce de eventuais comorbidades secundárias à sobrecarga de ferro. Outro fator que impacta a busca por evidências nesse sentido é a escassez de dados que caracterizem esta população, sendo inexistente qualquer artigo que foque na descrição desssa no estado do Rio Grande do Sul (RS). Neste ínterim, a literatura nos apresenta algumas evidências interessantes a respeito do miR-122. Estudos pré-clínicos vinculam sua atividade a modulação de genes como o HFE, HJV e HAMP, além dos artigos em grau clínico que o associam como bom biomarcador precoce de patogenias com desfecho encontrados na HH, caso da cirrose hepática e da diabetes tipo 2. A partir deste cenário, duas questões de pesquisa foram elaboradas: Qual o perfil dos pacientes acometidos por essa condição clínica no RS? O miR-122 pode ser um bom biomarcador na HH? No intuito de achar as respectivas respostas, um projeto, divido em duas etapas, foi estruturado. A descrição clínica e laboratorial se deu a partir de uma amostragem de pacientes com diagnóstico de hiperferritinemia e em regime de sangrias terapêuticas. Além disso, o estudo contou com a análise em dois centros referência no tratamento destes casos, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e o Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo (HSVP-PF). Foi estabelecido o período de janeiro de 2019 a março de 2020 para recrutamento, no qual foram solicitados dados ao diagnóstico, sendo estes, ferritina, saturação de transferrina (ST), Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO), Transaminase Glutâmica Pirúvica (TGP), índice de massa corpórea (IMC), comorbidades e histórico familiar. Os procedimentos de sangrias terapêuticas também foram contabilizados. O exame molecular para investigação das variantes no gene HFE foi disponibilizado àqueles que não o apresentavam no recrutamento, não sendo critério de exclusão a negativa para a coleta. Foram incluídos no estudo 177 pacientes do HCPA e 57 do HSVP. Os dados foram descritos em médias, medianas e percentuais. A partir desta amostragem, um grupo de quarenta pacientes procedeceu à análise do miRNA. O critério para seleção destes levou em consideração o diagnóstico clínico e molecular de HH. Acrescido aos dados no momento do diagnóstico, idade, ferritina sérica, percentual de saturação de transferina ao recrutamento foram solicitados. A análise da expressão gênica do miR-122 foi feita a partir do isolamento do RNA, em sangue total, com kit mirVana™ PARIS™ e técnica de RT-qPCR com uso de sondas previamente testadas pelo fabricante (Thermo Scientific®). Para análise tanto do perfil ao diagnóstico, quanto ao recrutamento, além das comparações quanto ao miR- 122, os participantes foram estratificados em 3 grupos considerando os níveis de ferritina ao momento da coleta. Participantes com níveis séricos normais (abaixo de 300 ng/uL) foram alocados no grupo manutenção, e os demais em outros dois, chamados de indução 1 e 2 (indução 1 níveis entre 300 e 999 ng/uL; indução 2 níveis igual ou acima de 1000 ng/uL). A análise epidemiológica desta população gerou dados descritivos que seguiram os seguintes valores ao diagnóstico: Ferritina sérica 1029,5 ng/mL, ST 52,0%; histórico familiar em 35,0% e mediana de sangrias até o recrutamento de 7. A comorbidade em maior destaque foi a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Duzentos e quatorze participantes procederam à análise molecular e 66,4% desses apresentaram ao menos uma variante. Os genótipos de maior frequência foram os seguintes: H63D em heterozigose (21.5%), C282Y/C282Y (14.0%) e C282Y/H63D (11.8%). Quanto às variantes, uma discreta diferença na frequência alélica foi observada, sendo maior para C282Y. Na estratificação por centro, diferenças foram observadas nas variáveis clínicas, as quais podem apontar diferenças no manejo dos pacientes. A variante H63D aparece em maior número no centro HSVP-PF. Correlações entre grupos de genótipos e as variáveis clínicas também foram testadas. A estratificação feita considerou que os genótipos em homozigose e heterozigose composta para a variante C282Y tendem a apresentar maior prejuízo à função da hepcidina. Os resultados vão ao encontro da descrição na literatura, com diferenças observadas na ST e número de sangrias (p |
Databáze: | OpenAIRE |
Externí odkaz: |