Ontologias em colisão : sabedoria 'Libi na Wan' do povo Boni/Aluku e sua relação com o Estado, Guiana francesa

Autor: Safatle, Yazmin Bheringcer dos Reis e
Přispěvatelé: Nasuti, Stéphanie, Santos, Carlos Alexandre Barboza Plínio dos
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UnB
Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
Popis: Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, 2021. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Esse trabalho foi realizado junto ao povo Boni/Aluku, descendentes de pessoas escravizadas que se rebelaram contra o sistema escravagista no Suriname e se instalaram ao longo do rio Maroni na Guiana Francesa no século XVIII. O enfoque está nas concepções de autonomia, interdependência e liberdade relacionadas com a sabedoria “Libi na wan” – “não se vive só” e a posição da mãe na sociedade boni. A partir de um trabalho etnográfico junto às mulheres boni e, portanto, se apoiando principalmente em suas narrativas, a dissertação proporciona uma reflexão sobre a convivência das ontologias e instituições próprias do povo Boni e do Estado francês, que ao colidirem produzem uma paisagem híbrida. Nessa paisagem, os Boni acionam estrategicamente instituições francesas e, por sua vez, estas também são obrigadas a se adaptarem. Além do trabalho etnográfico, foram realizadas entrevistas com a equipe do Parque Amazônico da Guiana (PAG), da prefeitura de Papaïchton e da Direction régionale de l’Alimentation, de l’Agriculture et de la Forêt (Direção Regional da Alimentação, Agricultura e Floresta - DAAF). O trabalho de campo se deu entre os meses de março e maio de 2020, portanto, coincidiu com a pandemia da Covid-19. Com isso, pude observar a forma como as medidas de prevenção e enfrentamento ao vírus do Estado francês foram interpretadas e aplicadas nesse território. This work was carried out with the Boni/Aluku people, descendants of enslaved people who rebelled against the slave system in Suriname and settled along the Maroni River in French Guiana in the 18th century. The focus is on conceptions of autonomy, interdependence and freedom related to the wisdom “Libi na wan” – “one does not live alone” and the position of the mother in boni society. Based on an ethnographic work with boni women and, therefore, relying mainly on their narratives, the dissertation provides a reflection on the coexistence of ontologies and institutions of the Boni people and the French State, which as they collide produce a hybrid landscape. In this landscape, the Boni strategically activate French institutions and, in turn, these are also forced to adapt. In addition to the ethnographic work, interviews were conducted with the staff of the Guyana Amazon Park (PAG), the city hall and the Direction régionale de l'Alimentation, de l'Agriculture et de la Forêt (Regional Directorate of Food, Agriculture and Forestry - DAAF ). The fieldwork took place between March and May 2020, therefore, it coincided with the Covid-19 pandemic. Due to that, I was able to observe how the measures to prevent and fight the virus in the French State were interpreted and applied in that territory. Ce travail a été réalisé auprès du peuple Boni/Aluku, descendants de personnes réduites en esclavage qui se sont rebellées contre le système esclavagiste au Suriname et installées le long du fleuve Maroni en Guyane française au XVIIIe siècle. Nous mettons l'accent sur les conceptions d'autonomie, d'interdépendance et de liberté liées à la sagesse « Libi na wan » – « on ne vit pas seul » et à la position de la mère dans la société boni. Cette dissertation est basée sur un travail ethnographique réalisé auprès des femmes boni et s'appuie donc principalement sur leurs récits. Je propose une réflexion sur la coexistence d'ontologies et d'institutions du peuple Boni et de l'État français qui, lorsqu'elles se rencontrent,, produisent un paysage hybride. Dans ce paysage, les Boni actionnent stratégiquement les institutions françaises qui, à leur tour, sont également contraintes de s'adapter. En complément du travail ethnographique, des entretiens ont été menés auprès du personnel du Parc amazonien de Guyane (PAG), de la mairie de Papaïchton et de la Direction régionale de l'Alimentation, de l'Agriculture et de la Forêt (DAAF). Le travail de terrain a eu lieu entre mars et mai 2020; il a donc coïncidé avec la pandémie de Covid-19. Dans ces circonstances, j'ai pu observer comment les mesures de prévention et de lutte contre le virus mises en place par les autorités françaises étaient interprétées et appliquées sur ce territoire.
Databáze: OpenAIRE