Modos sensíveis de criação infantil: uma inflexão no processo de medicalização dos cuidados com crianças

Autor: Hernandez, Alexandra, Victora, Ceres
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Saúde e Sociedade; v. 30 n. 1 (2021)
Saúde e Sociedade; Vol. 30 No. 1 (2021)
Saúde e Sociedade; Vol. 30 Núm. 1 (2021)
Saúde e Sociedade
Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
ISSN: 1984-0470
0104-1290
Popis: In this paper we analyze the discourses and practices related to sensitive modes of child rearing and their connection to the medicalization of childcare, understood as a process by which non-medical problems have come to be defined and treated as medical problems. “Sensitive modes of child rearing” refer to a heterogeneous group of care practices that has emerged from criticism of the process of medicalization of childhood, particularly of the scientific precepts that govern the exercise of “scientific maternity”, and that is seen by its practitioners as a return to the “natural” and “traditional”. Our study is a reflection based on ethnographic research carried out in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil. We discuss the main controversies surrounding the two models, such as that concerning the baby’s crying, and argue that the sensitive modes – contrary to what we are led to believe by its practitioners – are closer to certain modern Western values and tributaries of those values originating in Romanticism. In conclusion, we propose that sensitive modes of child rearing, rather than representing a return to the “natural” or a de-medicalization, constitutes a contemporary inflection in the process of the medicalization of childcare. O objetivo deste artigo é analisar os discursos e as práticas relacionados aos modos sensíveis de criação infantil e sua articulação com a medicalização dos cuidados com crianças, entendida como um processo pelo qual problemas não médicos passam a ser definidos e tratados como problemas médicos. Esse conjunto variado de práticas de cuidado emerge da crítica à medicalização da infância, sobretudo, aos preceitos cientificistas que regem o exercício de uma “maternidade científica”, visto por seus praticantes como um retorno ao “natural” e “tradicional”. Este trabalho apresenta uma reflexão baseada em pesquisa etnográfica desenvolvida em Porto Alegre/RS, Brasil. A partir das principais controvérsias estabelecidas em torno do choro infantil, argumenta-se que os modos sensíveis de criação infantil, apesar do que as críticas formuladas por seus praticantes levam a pensar, estão mais próximos de certos valores ocidentais modernos e tributários do Romantismo. Conclui-se que esse estilo de criação infantil, mais do que um retorno ao “natural” ou uma desmedicalização, constitui uma inflexão contemporânea no processo de medicalização dos cuidados com crianças.
Databáze: OpenAIRE