Tirano, louco e incendiário: BolsoNero. Análise da constituição da assimilação entre o Presidente da República do Brasil e o Imperador Romano como allelopoiesis

Autor: Faversani, Fabio
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2020
Předmět:
Zdroj: História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography; Vol. 13 No. 33 (2020); 375-395
História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography; Vol. 13 Núm. 33 (2020); 375-395
História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography; v. 13 n. 33 (2020); 375-395
História da Historiografia
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
instacron:UFOP
ISSN: 1983-9928
Popis: Over the centuries and with the use of multiple languages produced by various cultures, Emperor Nero became quite the universal symbol of tyranny. Mainly associated with madness and destruction, remembering Nero has served to criticize various rulers who lived after him and committed crimes that could somehow be linked to those attributed to Nero. Such approaches varied a lot over time and space and allowed the constitution of a broad and multifaceted repertoire of Neros produced in politics, literature, cinema, music, etc. This repertoire fostered a tradition composed of the association of the “original” Nero with the various characters and contexts of the “new” Neros. This tradition allowed both a new interpretation of the past and an original reading of the present. Thus, there is a reciprocal and simultaneous construction of the past(s) and the present, generating an allelopoiesis process, producing Neros that do not belong exclusively to the past or the present, but inextricably merge and confuse these temporalities. This process originated different syntheses that communicate ideas through a tradition in the form of repertoire to be appropriated and modified multiple times. This article focuses on the case of the President of the Republic of Brazil, Jair Bolsonaro, nicknamed BolsoNero. O imperador Nero foi se constituindo, ao longo de séculos e com o uso de múltiplas linguagens produzidas por diversas culturas, num símbolo bastante universalizado de tirania. Associado, sobretudo, com a loucura e a destruição, serviu para a crítica dos mais diversos governantes que o seguiram e cometeram crimes que pudessem, de algum modo, ser ligados àqueles que foram atribuídos a Nero. Tais aproximações, muito variadas ao longo do tempo e espaço, permitiram a constituição de um amplo e multifacetado repertório de Neros produzidos na política, na literatura, no cinema, na música etc. Esse repertório gerou uma tradição composta da associação do Nero “original” com os diversos personagens e contextos dos “novos” Neros. Essa tradição permitiu ao mesmo tempo uma nova interpretação do passado e uma leitura original do presente. Nesse sentido, há uma construção recíproca e simultânea do(s) passado(s) e do presente, gerando o processo de allelopoiesis, produzindo Neros que não pertencem exclusivamente ao(s) passados ou ao presente, mas mesclam e confundem inextricavelmente essas temporalidades em diferentes sínteses que se comunicam através de uma tradição com a forma de repertório a ser reapropriado e modificado. Esse artigo tem por foco o caso do Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, apelidado de BolsoNero.
Databáze: OpenAIRE