A noção de pai em psicanálise do declínio ao pai morto
Autor: | Cherer, Evandro de Quadros |
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Přispěvatelé: | Chatelard, Daniela Scheinkman |
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2018 |
Předmět: | |
Zdroj: | Repositório Institucional da UnB Universidade de Brasília (UnB) instacron:UNB |
Popis: | Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2018. Às voltas com as mudanças familiares na sociedade vienense, no final do século XIX, e com a sexualidade histérica, Sigmund Freud atentou-se para a questão do pai, inserindo-a no campo da psicanálise. A propósito disso, o presente estudo consiste em uma proposta de investigação teórica sobre a questão do pai à luz da psicanálise, tendo como objetivo investigar a noção de pai, redimensionando-a no campo da psicanálise. Particularmente, buscou-se que os operadores conceituais da psicanálise fossem reconsiderados, fundamentalmente no que diz respeito à questão do pai em relação ao declínio da imago paterna e suas eventuais repercussões na constituição subjetiva. Acerca disso, percorreu-se como a noção de pai surgiu, desenvolveu-se e foi trabalhada na obra freudiana. De início, o pai foi apreendido enquanto sedutor e associado à etiologia das neuroses. Entretanto, a teoria da sexualidade infantil promoveu uma torção, deslocando o pai para o complexo de Édipo. Nesse, o pai seria o interditor do objeto de desejo e, simultaneamente, o ideal, na medida em que detém para si a mãe ao possuir o falo. Essa relação ambivalente, ou seja, de rivalidade e idealização, foi nomeada de complexo paterno, aspecto fundamental na noção de pai. Situando essa questão nas origens da humanidade, Freud formulou o mito do parricídio inaugural. O Urvater, o pai primordial, foi assassinado pelos filhos e, mesmo morto, tornou-se mais forte que se vivo estivesse. Semelhantemente, Moisés teria sido assassinado pelos judeus ao conduzi-los à terra prometida. Nas três principais versões freudianas do pai (Édipo, Urvater e Moisés), o parricídio está presente. O pai, o Um da exceção, é, a rigor, o pai morto, aquele cujo lugar ninguém está efetivamente à altura. De modo semelhante, investigou-se o declínio do pai e a problemática de suas eventuais repercussões na obra do jovem Lacan, na qual repercussões foram tributadas ao declínio da família paternalista, bem como eventuais falhas na constituição subjetiva atribuídas ao pai no seio familiar. Foi visto que essa lógica da contração familiar como prejudicial à constituição subjetiva está presente mesmo atualmente. Contrapondo-se a essa perspectiva, a problemática do pai também foi considerada em o “retorno a Freud” feito por Lacan, período no qual a noção de pai passou a ser apreendida a partir do caráter linguajeiro, sendo cunhado o conceito de Nome-do-Pai enquanto suporte da função simbólica. Distanciando-se do familialismo, é numa função lógica que o pai foi situado. Com isso, esta tese procurou investigar o que é o pai em psicanálise, essencialmente na teoria freudiana e nas (re)leituras produzidas por Lacan, contrapondo-se ao uso que se faz atualmente das noções de “enfraquecimento” ou “declínio” da função paterna, redimensionando essas questões no campo da psicanálise e defendendo a hipótese segunda a qual há uma radical distinção entre os pais, que estão sempre aquém, e a função paterna enquanto tal. In view of family changes in Viennese society at the end of the nineteenth century, and with hysterical sexuality, Sigmund Freud occupied himself at the question of the father, inserting it into the field of psychoanalysis. In this regard, the present study consists of a theoretical research on the question of the father in the light of psychoanalysis, aiming to investigate the notion of father, redimensioning it in the field of psychoanalysis. Particularly, it has tried to reconsider the conceptual operators of psychoanalysis, fundamentally what it comes to the question of the father in relation to the decline of paternal imago and its possible repercussions on subjective constitution. Regarding this, it was studied how the idea of father arose, developed and was worked out in Freudian literature. At first, the father was apprehended as seductive and associated with the etiology of the neuroses. However, childhood sexuality promoted a twist, shifting the father to the Oedipus complex, in which the father would be the interdictor of the object of desire and, simultaneously, the ideal, considering that he holds for himself the mother as he possesses the phallus. This ambivalent relation, that is, of rivalry and idealization, was named paternal complex, fundamental aspect in the notion of father. Contextualizing this question in the origins of humanity, Freud formulated the myth of the inaugural parricide. Urvater, the primordial father, was murdered by his sons and, even dead, became stronger than if he were alive. Similarly, Moses have been murdered by the Jews when leading them to the promised land. In the three major Freudian versions of father (Oedipus, Urvater, and Moses), parricide is present. The father, the One of the exception, is, strictly speaking, the dead father, the one whose place no one is effectively up to. In a similar way, the present study also investigated father's decline and the problematic of its eventual repercussions in the work of young Lacan, in which repercussions were tributed to the decline of the paternalistic family, as well as possible failures in the subjective constitution attributed to the father within the family. It has been seen that this logic of family contraction as detrimental to the subjective constitution is present even today. In contrast to this perspective, the father's problematic was also considered in Lacan's "return to Freud", a period in which the notion of father became apprehended by the character of langage, and the concept of the Name-of-Father was coined as support of the symbolic function. Distancing itself from familialism, it was in a logical function that the father was placed. Thus, this thesis sought to investigate what the father is in psychoanalysis, essentially in Freud's theory and in the (re)readings produced by Lacan, in opposition to the current use of notions of "weakening" or "decline" of function paternal, redimensioning these issues in the field of psychoanalysis and defending the hypothesis according which there is a radical distinction between the fathers, who always fall short, and the paternal function. |
Databáze: | OpenAIRE |
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