Do sangue que escrevivemos: epistemologias negro-femininas em 'Só as mulheres sangram' de Lia Vieira

Autor: Melo, Vânia Batista
Přispěvatelé: Santos, Lívia Maria Natália de Souza, França, Denise Carrascosa, Santiago, Ana Rita
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFBA
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron:UFBA
Popis: Submitted by Raquel Santos de Sousa Oliveira (sousa.raquel@ufba.br) on 2022-04-19T13:43:40Z No. of bitstreams: 1 Vania Melo - Dissertação - Vania Melo (1).pdf: 1043427 bytes, checksum: 6b23f5ee59e7cfc3a2a69c13015145cc (MD5) Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2022-04-20T18:53:12Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Vania Melo - Dissertação - Vania Melo (1).pdf: 1043427 bytes, checksum: 6b23f5ee59e7cfc3a2a69c13015145cc (MD5) Made available in DSpace on 2022-04-20T18:53:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Vania Melo - Dissertação - Vania Melo (1).pdf: 1043427 bytes, checksum: 6b23f5ee59e7cfc3a2a69c13015145cc (MD5) Previous issue date: 2021-05-24 A partir das leitura e análise do livro de contos Só as mulheres Sangram, da autora Lia Vieira (2011), utilizando como chave de leitura, conceito e caminho metodológico a escrevivência, conceito da autora Conceição Evaristo (2008), este trabalho propõe o conceito Escreviver com ẹ̀ jẹ̀ , sangue ancestral que perpassa de modo muito específico as veias, os corpos, as vidas de mulheres negras. O estudo está desenvolve-se a partir da análise da autorrepresentação na literatura negro-feminina na obra. Proponho, aqui, num entendimento ancestral preto de que nós mulheres somos muitas, e muitas são as nossas vivências, porém, para além de nossos atravessamentos e subjetividades, o entendimento interseccional de que nossas experiências em comum também se dão socialmente nos trazem a perspectiva desse agenciamento coletivo, desse sangue compartilhado que é também preto como a cor de nossa pele, nas nossas formas muito específicas de sangrar. Lia Vieira traz um compromisso com questões raciais e mostra isso em suas obras propondo novas formas de existir, repensando as existências e propondo novos olhares. A partir desta compreensão, pensaremos escreviver com ẹ̀ jẹ̀ enquanto categoria epistemológica de Ancestralidade, que desautoriza os signos que nos foram impostos como violência epistêmica, como nos traz Nilma Lino Gomes (2010). Ancestralidade que está além do que se entende tradicionalmente como tempo, porque não segue em linha reta, atravessa as contagens, encontra-se e dispersa em suas encruzilhadas, é o tempo através dos tempos, o aqui e o ontem atravessados, girando em espiral, como nos traz Leda Maria Martins (2002). O tempo, o sangue, a vida que se escrevive feminina e preta são ancestrais, assim como precisam ser as nossas referências, nossas epistemologias; e a literatura negro-feminina é uma ferramenta importantíssima para colaborar na disseminação dessa consciência, dessa vida que está, como nos ensina Conceição Evaristo, comprometida com a escrita From the reading and analysis of the book of short stories Only women Sangram, by Lia Vieira (2011), using as a key to reading, concept and methodological path, writing, a concept by author Conceição Evaristo (2008), this work proposes the concept I write with ẹ̀ jẹ̀ , ancestral blood that runs through the veins, the bodies, the lives of black women in a very specific way. The study is developed from the analysis of self-representation in black-female literature in the work. I propose here, in a black ancestral understanding that we women are many, and our experiences are many, however, beyond our crossings and subjectivities, the intersectional understanding that our common experiences also occur socially brings us the perspective of this collective agency, of that shared blood that is also black as the color of our skin, in our very specific ways of bleeding. Lia Vieira brings a commitment to racial issues and shows this in her works by proposing new ways of existing, rethinking existence and proposing new perspectives. Based on this understanding, we will think of writing with 'jẹ̀ as an epistemological category of Ancestrality, which disallows the signs that were imposed on us as epistemic violence, as Nilma Lino Gomes (2010) brings us. Ancestry that is beyond what is traditionally understood as time, because it does not follow a straight line, crosses the counts, meets and disperses at its crossroads, it is time through time, here and yesterday crossed, spinning in a spiral, as Leda Maria Martins (2002) brings us. Time, blood, life written in black and female are ancestral, as must be our references, our epistemologies; and black-female literature is an extremely important tool to collaborate in the dissemination of this awareness, of this life that is, as Conceição Evaristo teaches us, committed to writing.
Databáze: OpenAIRE