Desfamilização das funções da família e plataformização do trabalho : a lógica da servidão voluntária/involuntária
Autor: | Barbosa, Roseli Bregantin, 1972 |
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Přispěvatelé: | Adelman, Miriam, 1955, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Bega, Maria Tarcisa Silva, 1953 |
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2021 |
Předmět: | |
Zdroj: | Repositório Institucional da UFPR Universidade Federal do Paraná (UFPR) instacron:UFPR |
Popis: | Orientadora: Maria Tarcisa Silva Bega Coorientadora: Miriam Adelman Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Defesa : Curitiba, 24/06/2021 Inclui referências: p. 192-205 Área de concentração: Resumo: A presente tese se insere no debate da desregulação e devastação do trabalho assalariado, discute especificamente serviços "desfamilizados" e "plataformizados". Toma por objeto de análise funções que se encontram no imbricamento do campo social da Família e do Mercado - trabalho sexual, alimentação e formação da subjetividade dos indivíduos. Busca na divisão social e sexual do trabalho e na sua reestruturação produtiva/reprodutiva uma explicação para a condição de servidão "voluntária" imposta ao trabalho assalariado atualmente no Brasil, em Portugal e no Reino Unido. Pretende compreender em que medida a desregulação e a plataformização impactam nas funções estudadas, e podem estar impactando o mundo do trabalho nos países estudados - vantagens e desvantagens da regulação e da plataformização. A partir dos conceitos de "desfamilização" e "racionalidade neoliberal" é levantada a hipótese de que quando um campo social (Mercado) assume as funções de outro (Família), assume também a sua racionalidade (famullus/servidão). Esse estudo se justifica frente à necessidade de reconhecer a Família enquanto campo social produtor de racionalidades (não somente de corpos e afetos) que impactam a esfera pública do trabalho, um campo reprodutor e mantenedor de um antigo regime de servidão que aumenta a mais valia capitalista (trabalho não-pago) e a exploração dos trabalhadores. A metodologia empregada conta com a realização de pesquisa empírica através de método quantitativo e qualitativo. Os dados são produzidos a partir de observação participante, questionário e entrevistas semiestruturadas. A matriz analítica utilizada alia a teoria dos campos sociais à escavação arqueológica dos arquétipos e tem como pressupostos a democracia e o trabalho como valores sociais. Compreende a reestruturação produtiva e reprodutiva como um processo de transferência de funções e de racionalidades entre os principais campos da sociedade capitalista: Estado, Mercado e Família. Os resultados da pesquisa identificam um processo de objetificação/mercadorização do valor social do trabalho, uma lógica de exploração capitalista que impõe ao trabalho a condição de mercadoria, e ao trabalhador um regime de servidão "voluntária". Processo esse construído conjuntamente à mercadorização da subjetividade, através da desfamilização da função de formação do indivíduo, pela via do Mercado. Concluímos que tal processo de transferência da racionalidade da servidão familiar para o Mercado (e/ou para o Estado) se trata de "familização" - conceito criado na tese para explicar o fenômeno social que leva o trabalhador à condição de servidão voluntária involuntária. Abstract: This thesis is part of the debate of the deregulation and devastation of wage labor, specifically discusses services "desfamilized" and "plataformized". It takes as object of analysis functions that are found in the imbrication of the social field of the Family and the Market - sexual work, feeding and formation of the subjectivity of individuals. It seeks in the social and sexual division of labor and in its productive/ reproductive restructuring an explanation for the condition of "voluntary servitude" imposed on paid work currently in Brazil, Portugal and the United Kingdom. It intends to understand to what extent deregulation and plataformization impact thefunctions studied and may be impacting the world of work in the countries studied - advantages and disadvantages of regulation and plataformization. From the concepts of "defamilization" and "neoliberal rationality" the hypothesis is raised that when a social field (Market) assumes the functions of other (Family), it also assumes its rationality (famullus/servitude). This study is justified in view of the need to recognize the Family as a social field that producers' rationalities (not only of bodies and affections) that impact the public sphere of work, a reproductive and maintaining field of an old regime of servitude that increases capitalist AAD ed value (unpaid work) and the exploitation of workers. The methodology used relies on empirical research using a quantitative and qualitative method. Data are produced from participant observation, questionnaire and semi-structured interviews. The analytical matrix used combines the theory of social fields with the archaeological excavation of archetypes and has as assumptions democracy and work as social values. It comprises productive and reproductive restructuring as a process of transfer of functions and rationalities between the main fields of capitalist society: State, Market and Family. The result of the research ident a process of objectification/marketization of the social value of work, a logic of capitalist exploitation that imposes on work the condition of merchandise, and to the worker a regime of servitude "voluntary". This process is built together with the marketization of subjectivity, through the defamilization of the individual's training function, through the Market. We conclude that this process of transferring the rationality of family servitude to the Market (and/or to the State) is a "familization" - a concept created in the thesis to explain the social phenomenon that leads the worker to the condition of voluntary/ involuntary servitude. RÉSUMÉ Cette thèse s'inscrit dans le débat sur la dérégulation et la dévastation du travail salarié, elle traite spécifiquement des services " déplacés de la famille " vers les plateformes internet. Son objet est des fonctions qui se retrouvent dans l'imbrication du domaine social de la famille et du marché - le travail du sexe, l'alimentation et la formation de la subjectivité des individus. Elle cherche dans la division sociale et sexuelle du travail et sa restructuration productive/reproductive une explication à l'état de " servitude volontaire " imposé au travail rémunéré actuellement au Brésil, au Portugal et au Royaume-Uni. Elle entend comprendre dans quelle mesure la dérégulation et la Plateformisation ont un impact sur les fonctions étudiées et peuvent avoir un impact sur le monde du travail dans les pays étudiés - avantages et inconvénients de la réglementation et de la plate-forme. A partir des concepts de " défamiliarisation " et de " rationalité néolibérale ", l'hypothèse est posée que lorsqu'un champ social (Marché) assume les fonctions d'un autre (Famille), il assume aussi sa rationalité (famullus/servitude). Cette étude est justifiée par la nécessité de reconnaître la Famille comme un espace social qui produit des rationalités (pas seulement des corps et des affections) qui affectent la sphère publique du travail, le domaine de la reproduction et du maintien d'un ancien régime de servage, qui augmente l'exploration de l'ouvrier par le capitaliste. La méthodologie utilisée est basée sur une recherche empirique avec une méthode quantitative et qualitative. Les données sont produites à partir d'observations participantes, de questionnaires et d'entretiens semi-directifs. La matrice analytique utilisée combine la théorie des domaines sociaux avec la fouille archéologique des archétypes et assume la démocratie et le travail comme valeurs sociales. Elle comprend la restructuration productive et reproductive comme un processus de transfert de fonctions et de logiques entre les principaux domaines de la société capitaliste : l'État, le marché et la famille. Les résultats de la recherche observent un processus d'objectivation/commercialisation de la valeur sociale du travail, une logique d'exploitation capitaliste qui impose au travail la condition de marchandise et au travailleur un régime de servitude " volontaire ". Ce processus se construit avec la commercialisation de la subjectivité, défamiliariserla fonction formatrice de l'individu, à travers le marché. Nous concluons que ce processus de transfert de la rationalité de la servitude de la famille au marché (et/ou à l'État) est une " familiarisation " - un concept créé dans la thèse pour expliquer le phénomène social qui conduit le travailleur à l'état de servitude volontaire involontaire. |
Databáze: | OpenAIRE |
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