Crianças Huni Kuin e suas redes de interdependências : tensões e negociações nas configurações na infância indígena
Autor: | Souza, José Valderí Farias de, 1971 |
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Přispěvatelé: | Universidade Federal do Paraná. Setor de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Ferreira, Valéria Milena Röhrich, 1969 |
Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2022 |
Předmět: | |
Zdroj: | Repositório Institucional da UFPR Universidade Federal do Paraná (UFPR) instacron:UFPR |
Popis: | Orientadora: Profa. Dra. Valéria Milena Rohrich Ferreira Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Defesa : Curitiba, 27/06/2022 Inclui referências Resumo: Esta pesquisa, consiste em analisar as redes de interdependência de um grupo de 16 crianças da etnia Huni Kuin com idades entre 06 e 12 anos, mostrando as relações de poder e tensões vivenciadas por elas nos diversos espaços nos quais suas vidas vão sendo construídas. Objetivou-se compreender como as crianças, em suas redes de interdependência, veem, atuam e alteram os seus mundos, enquanto sujeitos capazes de dar significado a tudo que fazem, dentro da reticularidade dos territórios e espaços da aldeia e das tensões que emergem de suas falas, desenhos, pinturas e inter-relações. Metodologicamente, para captar essas experiências na aldeia, realizei uma interlocução dialógica, constituída através de escuta atenta, caminhadas, desenhos, fotografias, rabiscos de histórias que evidenciam o jeito próprio de vivenciar a infância. Como principais referenciais teóricos, utilizei: Norbert Elias (sociologia), Michel de Certeau (história e sociologia), Aracy Silva (antropologia e infância), Manuela Cunha (antropologia), dentre outros. A pesquisa foi realizada em duas aldeias localizadas na região amazônica, estado do Acre, Brasil, a partir da metodologia de pesquisa qualitativa e com aproximação em pesquisa do tipo etnográfica. A pesquisa evidencia que as crianças Huni Kuin vivem imbricadas dialogicamente com outras crianças, com o mundo dos adultos e com as instituições presentes em seus territórios, a partir de suas perspectivas de ser, atuar e se ver no mundo, como sujeitos de uma categoria geracional específica, atravessada pelo seu tempo, pela sua cultura. Elas participam e procuram estar presentes em todos os lugares da aldeia, quando brincam, pescam, participam do plantio e da colheita do roçado, ou quando contribuem diretamente na organização e realização das festividades culturais. As crianças Huni Kuin -mesmo estando inseridas em espaços culturais cotidianos muito tensionados pelo momento histórico que vivem e, também, pela convivência com os adultos e instituições-, têm conseguido atuar, negociando e se colocando, a seu modo, nos espaços e territórios nos quais são construídas as suas vivências infantis. E, na medida em que circulam e participam das vivências ensejadas nos territórios, conseguem influenciar diretamente nas figurações presentes na aldeia, como sujeitos sociais, atores e agentes de suas vidas, colocando-se, muitas vezes, em atitude colaborativa frente ao grupo. Nesse movimento, as crianças mostram-se capazes de produzir pegadas territoriais autorais em perspectivas reticulares. As crianças não são ingênuas e sabem exatamente as pressões que sofrem em sua própria configuração social (da necessidade de ajudar a encontrar comida pois de fato não têm, compreender a ameaça de invasores, perseguições variadas etc), quem as representa e o seu significado mais latente, compreendem ainda o medo representativo do poder imposto pelo desmatamento, pela escassez de alimentos e pela deslegitimação de suas culturas pelo preconceito. Abstract: This research consists of analyzing the networks of interdependence of a group of 16 children of the Huni Kuin ethnic group aged between 6 and 12 years old, showing the power relations and tensions experienced by them in the different spaces in which their lives are being built. The objective was to understand how children, in their networks of interdependence, they see, act and change their worlds, as subjects capable of giving meaning to everything they do, within the linearity of the territories and spaces of the village and the tensions that emerge from their lives. speeches, drawings, paintings, and interrelationships. Methodologically, to capture these experiences in the village, I carried out a dialogue interaction, constituted through attentive listening, walks, drawings, photographs, scribbles of stories that show the proper way of experiencing childhood. As main theoretical references, I used: Norbert Elias (Sociology), Michel de Certeau (History and Sociology), Aracy Silva (Anthropology and Childhood), Manuela Cunha (Anthropology), among others. The research was carried out in two villages located in the Amazon region, in the state of Acre, Brazil, using a qualitative research methodology and an ethnographic approach. The research shows that Huni Kuin children live dialogically imbricated with other children, with the world of adults and with the institutions present in their territories, from their perspectives of being, acting and seeing themselves in the world, as subjects of a generational specific category, crossed by its time and by its culture. They participate and seek to be present everywhere in the village, when they play, fish, participate in the field of plantation, or when they directly contribute to the organization and realization of cultural festivities. The Huni Kuin children - even being inserted in everyday cultural spaces that are very tense by the historical moment they live and, also, by the coexistence with adults and institutions-, They have been able to act, negotiating and placing themselves, in their own way, in the spaces and territories in the which their childhood experiences are constructed. And, as they circulate and participate in the experiences offered in the territories, they can directly influence the figurations present in the village, as social subjects, actors and agents of their lives, often putting themselves in a collaborative attitude towards the group. In this movement, children show themselves capable of producing authorial territorial footprints in reticular perspectives. Children are not naive, and they know exactly the pressures they suffer in their own social configuration (from the need to help find food because they don't really have it, to understand the threat of invaders, also others persecutions, etc.), who represents them and their most important latent meaning, they also understand the representative fear of power imposed by deforestation, food shortages and the delegitimization of their cultures by prejudice. |
Databáze: | OpenAIRE |
Externí odkaz: |