Da noção de livre arbítrio no âmbito do naturalismo biológico de Jhon Searle

Autor: Nascimento, Dácio José do
Přispěvatelé: Melo, Candida Jaci de Sousa
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2022
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPB
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
instacron:UFPB
Popis: The present study aims to analyze the problem of free will in the Philosophy of Mind (biological naturalism) of the American philosopher John Searle. One of the preparatory conditions for a reflection on the problem of free will is the understanding of a set of interconnected notions, namely: the notion of consciousness, intentionality, and mental causation. Biological naturalism holds that mental phenomena are caused by neurobiological processes and are themselves characteristic of the brain. Consciousness, in Searle's view, is ontologically irreducible to neurobiological processes that occur at the base level of the brain system, even though it is caused and carried out within that same brain system. It is, in this sense, a mental property that emerges from neurophysiological processes of the brain and constitutes a characteristic of the system as a whole capable of producing mental states with the property of addressing objects, events and states of affairs in the world, i.e., having intentionality. It is essential to understand what Searle conjectures about mental causation. For him, it is incorrect to consider a conscious, intentional, and voluntary action of an agent to be the product of two independent sets of necessary and sufficient causes, the physical (from neurobiological processes), on the one hand, and the mental (from mental states), on the other hand. This would lead to the problem of causal supervenience. Furthermore, if we consider the principle of causal closure of the physical world, the necessary and sufficient causes for any event in the world are physical. This leads to the impotence of the mental, if it is considered as non physical (which is not the case with Searle, who rejects dualism). From a causal point of view, therefore, the causal efficiency of mental states, considered by Searle to be physical, does not exceed that of neurobiological processes. There is, therefore, a causal reduction. However, Searle argues that, from the ontological point of view, mental states (those of consciousness, above all) cannot be reduced to the neurobiological processes that underlie them, due to their subjective, first-person character. The question then arises: how can mental states have any relevance in our actions if they have no causal role? How could we explain our actions as being caused by our will, by our freedom to act, if there is a type of determinism, neurobiological? Searle thus introduces the theme of free will. For him, the experience of free will is evidenced when we perform actions consciously, intentionally, and voluntarily, because we always act under the assumption that we are free to perform the actions we decide. Searle explains voluntary actions in terms of reason. There is, according to him, a gap between the reasons for decision-making and actions, on the one hand, and decision-making and the effective performance of actions, on the other hand. It is considering this gap that he addresses and defends the notion of freedom to act or free will. Nenhuma O presente estudo tem como finalidade analisar o problema do livre-arbítrio na filosofia da mente (naturalismo biológico) do filósofo estadunidense John Searle. Uma das condições preparatórias para uma reflexão a respeito do problema do livre-arbítrio é a compreensão de um conjunto de noções interligadas, a saber: a noção de consciência, de intencionalidade e de causação mental. O naturalismo biológico defende que os fenômenos mentais são causados por processos neurobiológicos e são eles próprios características do cérebro. A consciência, na visão de Searle, é ontologicamente irredutível aos processos neurobiológicos que ocorrem no nível de base do sistema cerebral, mesmo sendo ela causada e realizada dentro desse mesmo sistema cerebral. Ela é, nesse sentido, uma propriedade mental que emerge de processos neurofisiológicos do cérebro e constitui uma característica do sistema como um todo capaz de produzir estados mentais com a propriedade de se dirigir a objetos, eventos e estados de coisas no mundo, i.e., têm intencionalidade. É indispensável compreender o que Searle conjectura a respeito da causação mental. Para ele, está incorreto quem considera uma ação consciente, intencional e voluntária de um agente como sendo o produto de dois conjuntos independentes de causas necessárias e suficientes, as físicas (dos processos neurobiológicos), de um lado, e as mentais (dos estados mentais), de outro lado. Isso levaria ao problema da superveniência causal. Além disso, se consideramos o princípio do fechamento causal do mundo físico, as causas necessárias e suficientes para qualquer evento no mundo são físicas. Isso leva à impotência do mental, se este for considerado como não físico (o que não é o caso de Searle que rejeita o dualismo). Do ponto de vista causal, portanto, a eficiência causal dos estados mentais, considerados por Searle como físicos, não excede a dos processos neurobiológicos. Há, portanto, uma redução causal. Porém, Searle defende que, do ponto de vista ontológico, os estados mentais (os de consciência, sobretudo) não se reduzem aos processos neurobiológicos que lhes subjaz, devido ao seu caráter subjetivo, de primeira pessoa. Surge então a questão: como os estados mentais podem ter alguma relevância nas nossas ações se eles não têm papel causal? Como poderíamos explicar nossas ações como sendo causadas pela nossa vontade, pela nossa liberdade de agir, se há um tipo de determinismo, o neurobiológico? Searle introduz assim o tema do livre arbítrio. Para ele, a experiência do livre-arbítrio é evidenciada quando realizamos ações conscientemente, intencionalmente e voluntariamente, pois agimos sempre sob o pressuposto de que somos livres para realizar as ações que decidimos. Searle explica as ações voluntárias em termos de razão. Há, segundo ele, uma lacuna (gap) entre as razões para a tomada de decisão e as ações, por um lado, e a tomada de decisão e a realização efetiva das ações, por outro lado. É considerando essa lacuna que ele aborda e defende a noção da liberdade de agir ou livre-arbítrio.
Databáze: OpenAIRE