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A síndrome retrovírica aguda ou infecção primária pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), tem manifestações clínicas inespecíficas, sendo raramente diagnosticada. Como a sintomatologia pode ocorrer antes da formação de anticorpos detectáveis pelos testes classicamente utilizados, o diagnóstico deverá basear-se num elevado índice de suspeição clínica associado a um correcto pedido e interpretação dos testes laboratoriais. Apresenta-se doente de sexo feminino, 64 anos, internada por quadro com 3 dias de evolução de exantema maculopapular do tronco e da face, ulcerações aftosas orais, febre, mialgias e quebra do estado geral. Negava consumo de qualquer fármaco ou drogas recreativas, comportamento sexual de risco ou patologia dermatológica prévia. Foi efectuado estudo analítico, de cujos resultados se salientam: VIH por teste ELISA de 4ª Geração fracamente positivo; Antigénio p24 positivo; Western-Blot negativo; Carga Viral elevada para VIH1. O exame histológico das lesões cutâneas foi compatível com exantema viral. Após avaliação em Consulta de Imunodeficiência, iniciou terapêutica anti-retrovírica tripla. Teve alta ao 7º dia de internamento, com melhoria franca das lesões cutâneas e da restante sintomatologia. A valorização dos testes analíticos para a infecção VIH deverá ser baseada no conhecimento da evolução clínica e analítica da mesma. Dado o “período de janela” da infecção, é importante salientar que perante a suspeita de síndrome retrovírica aguda é essencial a pesquisa de partículas virais (Antigénio p24 ou carga Viral). Discute-se a controvérsia associada à introdução de terapêutica anti-retrovírica nesta fase precoce da infecção. info:eu-repo/semantics/publishedVersion |