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Vozes ao Alto reúne estudos sobre o orfeonismo - um tipo de associativismo que surgiu em Portugal no seio da sociedade civil, no final do século XIX - e o processo de institucionalização de práticas corais que, tendo emergido timidamente no final da década de 1920, sob a designação “coral” ou simplesmente “coro”, adquiriu a partir dos anos 1980 do século XX uma significativa expressão no quotidiano de um número crescente de portugueses. Os estudos resultam de uma investigação desenvolvida por uma equipa multidisciplinar, no âmbito do projeto “’A música no meio’: o canto em coro no contexto do orfeonismo (1880-2012)”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. O projeto promoveu um estudo sobre música, sociedade e indivíduos, que integrou as práticas musicais e os seus agentes, por um lado, e as estruturas sociais e políticas que as contextualizam, enformam e dão significado, por outro. O estudo dirigiu-se à dimensão colectiva da experiência social, ao fazer musical relacional, colaborativo, participativo. O livro inicia com uma contextualização histórica do fenómeno e uma interpretação sobre o papel estruturante da ação ‘cantar em coro’, seguida de catorze capítulos organizados segundo três eixos principais: “O canto orfeónico: utopias de progresso e acções exemplares”; “Hegemonia e resistência: institucionalização de práticas corais durante o regime do Estado Novo”; “Práticas de cantar em coro: estudos de caso”. No epílogo a antropóloga Ruth Finnegan discute o papel da música na construção de comunidades e o poder integrador da experiência musical (cantar num coro, inclusive). “O Palácio”, uma composição para coro misto de António Chagas Rosa, sobre textos de Italo Calvino, encerra o livro. published |