Inquérito Serológico Nacional COVID-19 (3ª fase): relatório de apresentação dos resultados

Autor: Grupo ISN COVID-19
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2021
Předmět:
Popis: Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge: Ana Paula Rodrigues (coordenação). Grupo ISN COVID-19: lista completa da equipa, laboratórios, unidades de saúde e instituições parceiras consta nas páginas 3-6 do relatório. Versão 2 atualizada em 28-7-2022: correção da equipa e agradecimentos. Em populações com elevadas coberturas vacinais, os estudos sero-epidemiológicos mantêm-se como ferramentas úteis para monitorizar o nível de imunidade populacional e a evolução do número de infeções recentes, assim como para avaliar a implementação do programa de vacinação e identificar grupos de maior suscetibilidade. Juntamente com os estudos de efetividade vacinal e com os dados da vigilância epidemiológica contribuem para um melhor conhecimento da situação epidemiológica e para a adaptação das medidas de saúde pública implementadas. Na terceira fase do Inquérito Serológico Nacional COVID-19 (ISN COVID-19) participaram 4.545 indivíduos com mais de 1 ano de idade, recrutados entre 28 de setembro e 19 de novembro de 2021, em 305 postos de colheita previamente selecionados, distribuídos por todo o país. A metodologia de implementação foi semelhante à utilizada nas fases anteriores do ISN COVID-19, seguindo as orientações técnicas da Organização Mundial de Saúde e do Centro Europeu de Controlo de Doenças. A cada participante, ou seu representante legal, foi pedido o consentimento informado escrito, o preenchimento de um questionário com informações clínicas e epidemiológicas e uma amostra de sangue para determinação dos anticorpos específicos para o SARS-CoV-2. Para todos os participantes foi realizada a determinação qualitativa de imunoglobulinas (Ig) do tipo G específicas contra a proteína da nucleocápside [IgG (anti-NP)] do SARS-CoV-2 e a determinação quantitativa de IgG contra a proteína da espícula do SARS-CoV-2 [IgG (anti-S)]. Adicionalmente, para uma amostra aleatória de 884 participantes com IgG (anti-S) positiva foi feita a determinação quantitativa de anticorpos neutralizantes (nAb). A seroprevalência total na população em estudo foi de 86,4 %. A região do Algarve foi aquela em que se observou uma menor seroprevalência total (80,2 %). Em relação às caraterísticas da população, destaca-se a seroprevalência total mais elevada na população entre os 50 e os 59 anos (96,5 %), nos indivíduos com ensino superior (96,0 %) e naqueles com duas ou mais doenças crónicas (90,8 %). Os grupos etários abaixo dos 20 anos foram aqueles em que se observaram seroprevalências mais baixas (17,9 % entre os 1-9 anos e 76,8 % entre os 10-19 anos). No que se refere à seroprevalência pós-infeção, estimaram-se valores globalmente mais baixos do que os obtidos na segunda fase do ISN COVID-19 (7,5 % vs 13,5 %). Este padrão foi observado na maioria dos grupos etários e regiões de saúde, à exceção do grupo etário entre os 1-9 anos e nas regiões do Algarve (8,8 % vs 6,0 %) e Açores (4,4 % vs 2,4 %). Os títulos de IgG (anti-S) foram mais elevados nas pessoas com 3 doses de vacina (mediana: 12.601 UA/ml) e naquelas que foram vacinadas e tiveram uma infeção por SARS-CoV-2 (mediana: 8.013 UA/ml), tendo sido os valores mais baixos estimados para o grupo de pessoas com uma dose de vacina e sem infeção (mediana: 245 UA/ml). Quanto à marca da vacina, os títulos de IgG (anti-S) mais elevados foram observados no grupo de pessoas vacinadas com as vacinas da Moderna (mediana: 6.392 UA/ml) e da Pfizer/BioNTech (mediana: 2.178 UA/ml). De referir ainda, a diminuição do título de IgG (anti-S) com o tempo desde a toma da segunda dose da vacina e com a idade dos vacinados e a correlação fortemente positiva (ρ=0,9) entre o título de IgG (anti-S) e o título de nAb. Apesar da precaução na interpretação destes resultados, pela ausência de indicador serológico correlacionado com a proteção individual e também pelas possíveis diferenças entre subgrupos do estudo (por ex. o tempo desde vacinação está correlacionado com a idade dos vacinados), os resultados obtidos são consistentes com a atual situação epidemiológica, cobertura vacinal e com os dados obtidos nos estudos de efetividade vacinal. Pontos em destaque: - A seroprevalência de anticorpos específicos contra SARS-CoV-2 na população residente em Portugal com idade superior a 1 ano foi de 86,4 %, valores consistentes com a cobertura vacinal e com a situação epidemiológica nacional; - A seroprevalência foi mais elevada na população entre os 50 e os 59 anos (96,5 %), nos indivíduos com ensino superior (96,0 %) e naqueles com duas ou mais doenças crónicas (90,8 %); - A seroprevalência foi mais baixa na região do Algarve (80,2 %) e nos grupos etários abaixo dos 20 anos (17,9 % entre os 1-9 anos; 76,8 % entre os 10-19 anos). Estes grupos etários não foram total ou parcialmente abrangidos pelo Programa Nacional de Vacinação contra a COVID-19; - A seroprevalência pós-infeção foi mais baixa comparativamente à segunda fase do ISN COVID-19 (7,5 % vs 13,5 %), o que provavelmente se encontra relacionado com o decaimento de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 ao longo do tempo pós-infeção; - Os títulos de IgG contra a proteína da espícula (anti-S) foram mais elevados nas pessoas com 3 doses de vacina (mediana: 12.601 UA/ml), naquelas que foram vacinadas e tiveram uma infeção anterior por SARSCoV- 2 (mediana: 8.013UA/ml) e no grupo de pessoas vacinadas com as vacinas da Moderna (mediana: 6.392 UA/ml) e da Pfizer/BioNTech (mediana: 2.178 UA/ml); - Os títulos de IgG (anti-S) foram mais baixos nas pessoas com uma dose única de vacina e sem infeção prévia (mediana: 245 UA/ml); - O título de IgG (anti-S) diminuiu com o tempo desde a toma da segunda dose da vacina e com a idade dos vacinados; - Existe uma correlação fortemente positiva (ρ =0,9) entre o título de IgG (anti-S) e o título de anticorpos neutralizantes; - Embora os testes serológicos não permitam inferir, a nível individual, o nível de proteção contra a infeção ou doença por SARS-CoV-2, os estudos sero-epidemiológicos continuam a ser uma importante ferramenta para i) monitorizar o nível de imunidade humoral a nível populacional; ii) monitorizar a ocorrência de infeções recentes; iii) identificar grupos populacionais mais suscetíveis, contribuindo assim para a melhor compreensão da situação epidemiológica e ajuste das medidas de saúde pública disponíveis. info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Databáze: OpenAIRE