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Introdução: A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido utilizada como um indicador do funcionamento do sistema nervoso autónomo (SNA), com imensas aplicações seja na avaliação da dor, do sono, do stress, no planeamento do treino físico entre outros. A dor cervical inespecífica e a incapacidade associada afetam diretamente a qualidade de vida do indivíduo acarretando custos sociais. Torna-se necessário aprofundar o conhecimento sobre possíveis fatores predisponentes ao desenvolvimento desta condição de saúde. Objetivos: Pretende-se avaliar a relação entre a VFC e a ocorrência de dor cervical inespecífica, e possíveis associações de fatores como o estilo de vida e a qualidade do sono. Materiais E Métodos: Este é um estudo transversal. Foram incluídos indivíduos com dor cervical (n=16) e sem dor cervical (n=14) entre os 45 e os 64 anos de idade. Foi utilizado o instrumento Neck Disability Index (NDI) para classificar a presença de dor (NDI≥5) e a intensidade de dor (pontuação do item 1 do NDI), bem como a incapacidade associada a dor cervical. A qualidade de sono foi avaliada pelo Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) e o estilo de vida foi avaliado pelo Estilo de Vida Fantástico (EVF). Os índices de VFC foram recolhidos através de Eletrocardiograma na posição de decúbito dorsal, durante 6 minutos. Resultados: Nas comparações entre indivíduos com dor e sem dor não foram encontradas diferenças significativas nas médias dos índices de VFC, porém encontraram-se diferenças significativas para várias componentes da qualidade do sono (PSQI). Por outro lado, foram encontradas correlações fracas a moderadas entre a intensidade e incapacidade da dor cervical e componentes do Estilo de Vida (Álcool, Sono e Introspeção) bem como correlações moderadas com componentes do PSQI. De igual forma o Estilo de Vida e a qualidade de Sono correlacionaram-se, de forma fraca a moderada, em várias componentes entre si. Verificaram-se correlações, fracas a moderadas, entre parâmetros da VFC (ULF, HFnu, ratio LF/HF) e alguns aspetos do estilo de vida (tabaco, trabalho e comportamentos de saúde). Encontrámos ainda correlações negativas, fracas a moderadas, de parâmetros parassimpáticas (pNN50, HF, HFnu) e positivas com o ratio LF/HF, indicador de equilíbrio simpático-vagal com o PSQI (pontua de forma inversa). Conclusões: Com este estudo não conseguimos comprovar uma relação entre a VFC e a ocorrência de dor cervical, possivelmente pelo facto da nossa amostra não apresentar níveis elevados de dor e incapacidade. No entanto foi possível concluir que a VFC é um bom indicador do funcionamento do SNA, pelas relações que apresenta com aspetos da saúde do indivíduo como a qualidade do sono e o estilo de vida. Torna-se imperativo perceber de que forma este, através do controlo da VFC, pode orientar a nossa intervenção terapêutica, quando se abordam questões abrangentes como o sono e o estilo de vida que por sua vez condicionam resultados como a dor e a incapacidade. Introduction: Heart rate variability (HRV) has been used as an indicator of the functioning of the autonomic nervous system (ANS), with multiple applications, whether in the assessment of pain, sleep, stress, exercise planning, among others. Nonspecific neck pain and associated disability directly affect the individual's quality of life, resulting in social costs. It is necessary to deepen the knowledge about possible predisposing factors for this condition. Purpose: We intend to evaluate the relationship between HRV and the occurrence, intensity an incapacity of non-specific neck pain, and possible associations such as lifestyle and sleep quality. Methods: This is a cross-sectional study. Individuals with neck pain (n=16) and without neck pain (n=14) between 45 and 64 years of age were included. The Neck Disability Index (NDI) instrument was used to classify the presence of pain (NDI≥5) and pain intensity (NDI item 1 score), as well as the disability associated with neck pain. Sleep quality was assessed by the Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) and lifestyle was assessed by the Fantastic Lifestyle Checklist (FLC). HRV indices were collected by electrocardiogram in the supine position for 6 minutes. Results: In the comparisons between individuals with and without pain, no significant differences were found in the means of HRV indices, however significant differences were found for several components of sleep quality (PSQI). On the other hand, weak to moderate correlations were found between neck pain intensity and disability and Lifestyle components as well as moderate correlations with PSQI components. Likewise, Lifestyle and Sleep Quality were weakly to moderately correlated in several components with each other. Weak to moderate correlations were found between HRV parameters (ULF, HFnu, LF/HF ratio) and some aspects of lifestyle (smoking, work and health behaviours). We also found negative, weak to moderate correlations of parasympathetic parameters (pNN50, HF, HFnu) and positive correlations with the LF/HF ratio, an indicator of sympathetic-vagal balance, with the PSQI (scores inversely). Conclusions: With this study, we were not able to prove a relationship between HRV and the occurrence of neck pain, possibly because our sample did not present high levels of pain and disability. However, it was possible to conclude that HRV is a good indicator of the functioning of the ANS, due to the relationships it presents with aspects of the individual's health such as sleep quality and lifestyle. It is imperative to understand how this, through HRV control, can guide our therapeutic intervention, when addressing comprehensive issues such as sleep and lifestyle, which in turn affect outcomes such as pain and disability. |
