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A pertinência do esquisso na concretização de ideias é plasmada nas primeiras reflexões e percepções. Este integra uma componente abstracta, que vincula uma intenção pragmática e poética com o próprio conceito. É um espelho das passagens do pensamento inserido num contexto conceptual, que, muitas vezes, não é explícito. Traduz dialéctica consciente entre a incerteza do saber e a expectativa, que pode desabrochar no conceito de arquitectura sobre o qual o arquitecto se apoia, numa visão retroactiva. Transmite e clarifica, subtilmente, para o suporte material, visões, objectivos e intenções, criando e recriando um momento pessoal e único do arquitecto aquando da absorção da energia do espaço. Há uma vontade intrínseca de traçar o que os nossos olhos veem, e nesse momento o cérebro anseia por identificar-se com o mundo e com a linha marcada. A aptidão de conseguir elucidar a realidade exterior ou imaginada num só desenho de índole abstracta, é uma fonte de prazer e desenvolvimento quer intelectual, quer artística. O esquisso, enquanto elo de ligação e elemento ordenador do pensamento no contexto arquitectónico, explora as possibilidades de transformar uma visão ou memória alheia numa realidade funcional e futura, satisfazendo como ferramenta nesta busca incessante pela elucidação da realidade exterior. Através da revisão literária e da análise documental à diversa obra gráfica do arquitecto Eduardo Souto de Moura, procura-se reflectir, nesta dissertação, sobre a importância do esquisso no processo criativo e das suas faculdades enquanto catalisador da expressão artística e arquitectónica. A presente investigação argumenta que o esquisso se assume como recurso essencial metodológico para a arquitectura, uma alavanca impulsionadora do acto criativo que contribui como potencial de qualidades expansíveis e transformadoras da visão arquitectónica, materializando o que existe além do olhar tangível e da mente, e potencializando a visão e espírito crítico do arquitecto face ao mundo que o rodeia. |