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A doença oncológica é uma das causas mais importantes de mortalidade e morbilidade na Europa, a seguir às doenças cardiovasculares e, em Portugal, a sua incidência tem vindo a aumentar. No entanto, a taxa de mortalidade está relativamente estacionária, como consequência, entre outros aspetos, de um diagnóstico precoce e de avanços nas abordagens terapêuticas das últimas décadas, nas quais a quimioterapia assume um lugar de destaque. Neste contexto, a pessoa é muitas vezes confrontada com tratamentos de quimioterapia que despoletam sintomas específicos, que a pessoa tem de gerir para a manutenção da sua qualidade de vida. Assim, torna-se primordial a promoção de conhecimentos e habilidades que capacitem a pessoa para a autogestão dos sintomas e das complicações associadas ao tratamento, e apoiem o processo de tomada de decisão em saúde. Este estudo insere-se no projeto iGestSaúde inscrito no NursID do CINTESIS, direcionado para a autogestão da doença crónica, no módulo específico de quimioterapia. Esta dissertação tem como finalidade promover, na pessoa com doença oncológica, um agente capaz de se autocuidar e autogerir a sintomatologia e as complicações decorrentes do tratamento. De entre os vários sintomas adversos associados à quimioterapia, o presente estudo irá incidir sobre os seguintes: alopécia, alterações da pele, alterações da sexualidade e distúrbios urinários. Assim, o objetivo deste trabalho de investigação foi desenvolver e aplicar um conjunto de orientações terapêuticas de suporte à autogestão dos sintomas mencionados, na pessoa com doença oncológica, em tratamento de quimioterapia. O percurso metodológico desenvolveu-se em três fases: na primeira fase, procedeu-se a uma revisão integrativa da literatura, de forma a identificar as orientações terapêuticas de suporte à autogestão dos sintomas; na segunda fase, categorizaram-se as orientações terapêuticas de acordo com níveis de intervenção (em função do nível de gravidade do sintoma) e consensualizou-se com um grupo de peritos, recorrendo à técnica de Delphi; por último, na terceira fase, realizou-se um estudo piloto com a população-alvo, que permitiu uma validação prévia das orientações terapêuticas trabalhadas. As orientações terapêuticas desenvolvidas para os quatro sintomas em estudo, demonstraram ser uma ferramenta útil no desenvolvimento das competências de autogestão da sintomatologia experienciada aquando do tratamento de quimioterapia, contribuindo para o empoderamento da pessoa, apoiando o processo de decisão e melhorando a sua perceção de qualidade de vida e bem-estar. É ainda um importante contributo para uma prática de enfermagem mais significativa para as pessoas em tratamento de quimioterapia. |