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A crise da COVID-19 expôs a vulnerabilidade e a fraca resiliência das cadeias globais de abastecimento. As pandemias são consideradas casos especiais de risco nas cadeias de abastecimento por causarem perturbações a longo prazo, propagação dessas perturbações e elevada incerteza. Algumas das perturbações mais importantes são o tempo de espera, a velocidade de propagação da epidemia e a duração da perturbação a montante e a jusante da cadeia de abastecimento. Apresentam-se os resultados do estudo feito à relação existente entre a mobilidade da população em seis setores de atividade específicos (mercearias e farmácias; retalho e lazer; estações de transporte público; residencial; parques e locais de trabalho) e a incidência de novos casos diários de infeção pela COVID-19 durante um período de um ano. Em primeiro lugar, fez-se um enquadramento teórico relativo a aspetos do comportamento do consumidor em cenários de crise, como é uma pandemia, e recolheu-se informação na literatura sobre os impactos da situação pandémica nos setores de atividades para os quais se dispunha de dados para analisar. Em segundo lugar, mostrou-se que a partir da análise das correlações entre a mobilidade (presença) da população e o número de novos casos de infeção pela COVID-19 é possível aferir as alterações vividas nas cadeias de abastecimento. Através das correlações de Pearson, verificou-se a influência linear da COVID-19 nos setores de atividade em estudo nos meses de julho de 2020 e janeiro de 2021, destacando a influência linear positiva moderada dos casos de COVID-19 no setor residencial fruto das consequências da pandemia no mês de janeiro de 2021. Dos resultados obtidos, e através da utilização do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, foi possível concluir que se rejeita a hipótese nula das medianas dos setores de atividade em estudo serem iguais na cidade de Coimbra, Braga, região Centro e Norte de Portugal, concluindo-se assim que o acesso aos setores de atividade não foi igual em julho de 2020, caracterizado como o mês menos crítico da pandemia, e janeiro de 2021, caracterizado como o mês mais crítico da pandemia. |