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Poster apresentado no 20º Congresso Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses Os canabinóides, considerados como tendo dos mais elevados consumos quando comparados com outras substâncias ilícitas, estão frequentemente relacionados com acidentes de viação, assim como influenciam negativamente outros comportamentos de risco ou comportamentos desviantes, como são os acidentes de trabalho ou outro tipo de mortes violentas, sendo expectável a elevada solicitação de análises ao Serviço de Química e Toxicologia Forenses (SQTF). Este trabalho, tem assim, como objetivo a avaliação retrospetiva dos casos com pedidos de canabinóides ao SQTF da Delegação do Centro do INMLCF, IP, num período de dois anos. Este estudo teve como base os dados extraídos do Programa STARLIMS, do SQTF da Delegação do Centro, entre junho de 2020 e junho de 2022, relativos aos casos com pedido de análises toxicológicas de canabinóides. Na triagem de canabinóides em amostras de sangue foi utilizado um procedimento analítico por método imunoenzimático de fase sólida (ELISA). Na confirmação e quantificação de ∆9-THC (THC), 11-hidroxi-Δ9-tetrahidrocanabinol (11-OH-THC) e 11-nor-9-carboxi-Δ9-tetrahidrocanabinol (THCCOOH) foi utilizada uma extração em fase sólida seguida de análise por cromatografia líquida de alta resolução acoplada a espetrometria de massa (LC-MS/MS). Em 3554 processos atribuídos ao procedimento de triagem de canabinóides em sangue por ELISA, 317 foram positivos para este grupo, dos quais 70 % foram solicitados no âmbito do Código da Estrada e 27% no âmbito da Patologia e Clínica Forenses. Relativamente à distribuição por faixa etária, verificou-se a ocorrência de um acentuado consumo de canabinóides entre os 21 e os 30 anos, sendo a média de idades 33 anos, com prevalência do sexo masculino (93,6%). No período em estudo, o THC foi confirmado e quantificado em 66,9 % dos casos, com uma concentração sanguínea média de 7,7 ng/mL. O metabolito ativo, 11-OH-THC, apresentou uma concentração média de 3,7 ng/mL em 40,2 % dos casos positivos para canabinóides. Em 90,9% dos casos verificou-se a presença do metabolito inativo THCCOOH com uma concentração média de 35 ng/mL. Em contexto da segurança rodoviária é de salientar que o valor médio de THC no âmbito da fiscalização (código da estrada) foi de 6,0 ng/mL e nas vítimas mortais de acidentes de viação (patologia) foi de 20,1 ng/mL. Em 68 casos (22%) foi detetada a presença simultânea de canabinoides e de outras substâncias psicoativas. Os autores estudaram, igualmente, a correlação entre o consumo de canabinóides e o álcool etílico, tendo constatado que 35% dos casos apresentaram uma TAS >0,5 g/L. No âmbito da Patologia e Clínica Forenses, 8,4% dos casos corresponderam a acidentes de viação e 4,3 % a suicídios. N/A |