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Os Açores são caracterizados por ter um setor leiteiro, em modelo semi-intensivo, com vacas leiteiras em pastoreio todo o ano. A pastagem espontânea é complementada com uma mistura alimentar completa (TMR, do Inglês total mixed ration) com alimentos grosseiros e concentrados, minerais e vitaminas em quantidades definidas que são misturados para formar um alimento balanceado. Devido às poucas estruturas para armazenamento e às grandes oscilações climáticas que caracterizam os Açores, esta mistura alimentar completa é suscetível à proliferação de uma variedade de fungos e micotoxinas provenientes de diferentes matérias-primas. Assim, a ingestão crónica destes xenobióticos poderá conduzir ao aumento da suscetibilidade a doenças, perdas de desempenho reprodutivo e, no caso dos bovinos de leite, diminuição da produtividade e da qualidade do leite produzido. Sendo impossível a eliminação total das micotoxinas, torna-se essencial garantir a implementação de estratégias que reduzam a sua concentração em produtos que se destinam à alimentação humana e animal, bem como, monitorizar e controlar os teores presentes nos alimentos. Este trabalho pretendeu avaliar a ocorrência de micotoxinas no alimento (TMR) em quatro explorações de bovinos leiteiros na ilha açoriana de São Miguel e relacionar com a ocorrência destas micotoxinas no leite produzido, associando diversos indicadores produtivos e sanitários. Para tal, recorreu-se aos dados mensais do contraste leiteiro, à determinação de ocorrência de micotoxinas no alimento ingerido e à análise de Zearalenona (ZEA), em amostras de leite (individuais), provenientes das quatro explorações incluídas no estudo. Considerando as amostras de alimento analisadas, verificou-se a coexistência de micotoxinas em todas as explorações. Em duas explorações determinou-se ZEA, Fumonisinas (FUM) e Nivalenol (NIV). Foram encontradas micotoxinas do tipo Eniatina em três das explorações em estudo. Oitenta e três (98,8 %) das amostras de leite analisadas apresentaram teores detetáveis de ZEA (1,56±1,36 μg/L), superiores ao reportado em estudos similares anteriores. Apesar da concentração de ZEA não estar significativamente associada a qualquer indicador de produção analisado (dias em leite, idade ao parto, produção leiteira, teor proteico, teor butiroso, concentração de células somáticas e ureia), verificou-se que o regime de produção e tipo de maneio do alimento constituem fatores de grande importância na exposição dos animais a teores elevados de micotoxinas. Na avaliação de risco, verificou-se que o quociente de perigo (HQ) foi aceitável ( |