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Este livro - Internacionalização da Ciência. Internacionalismo Científico - reflete agendas em curso de História & Ciência, nas quais a História da Ciência é focalizada num contexto de práticas científicas, de trocas e de circulação de saberes científicos na escala global da contemporaneidade. Numa primeira parte tomamos contacto com Espaços e Instituições, um conjunto de estudos que cronologicamente nos situam no intervalo do século XVIII até ao século XX. Meteorologia e as observações instrumentais: a emergência da construção de redes internacionais XVIII-XIX, de Maria de Fátima Nunes; Maria João Alcoforado; Ana Cravosa, evidencia a forma como as observações instrumentais meteorológicas formaram uma rede de meteorologia europeia – séculos XVIII-XIX na qual Portugal participou através da ação da Academia das Ciências de Lisboa, da militância científica de Marino Miguel Franzini e da atividade regular do Observatório Meteorológico do Infante D. Luís. Num outro cenário de prática científica temos o texto Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e a epidemia de cólera de Lisboa de 1894. Debates e polémicas científicas, estudo levado a cabo por Alexandra Marques, com supervisão de José Pedro Sousa Dias e de Maria de Fátima Nunes. Centrado no problema das epidemias de cólera na Europa de fim de século XIX, o texto explora as preocupações sanitárias dos Estados a partir do debate travado na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, com papel de destaque para a argumentação do diretor do Instituto Bacteriológico de Lisboa: Luís da Câmara Pestana. O Associativismo em história e internacionalismo: a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28), de Ricardo de Brito elucida aspetos inovadores referentes à Revista de História, como suporte de disseminação da cultura científica europeia e a intelectualidade republicana. Visando os espaços de investigação – laboratórios, Ângela Salgueiro discorre sobre Os institutos de investigação universitários e os fenómenos de internacionalização científica em Portugal nos anos 20, aferindo-se a relação entre trabalho dos institutos e participação portuguesa em congressos internacionais, de onde vão emergindo redes com as comunidades científicas ibero-americanas e com instituições estrangeiras congéneres. Numa linha de investigação totalmente complementar o leitor depara-se com A Junta de Educação Nacional (1929/36) e as bolsas de estudo no país: promoção científica num Portugal «europeizado», de Quintino Lopes, almejando traçar o perfil e a prática de bolseiro da JEN no estrangeiro, abrindo pistas de renovação de agenda a partir deste fator de internacionalização da Ciência em Portugal. Ciência também rima tematicamente com nacionalismos. É este paradoxo que Fernando Clara nos oferece com o texto Narcisismos Luso-Alemães. Do Internacionalismo da Ciência no tempo dos Nacionalismos. Estudam-se relações entre Ciência e Nacionalismo e Política no contexto das relações luso-alemãs durante o nacional-socialismo, no período entre 1933/45, abrindo o debate sobre o internacionalismo científico e universalidade da Ciência.Num mesmo caldo de abordagem temos o capítulo de Cláudia Ninhos, A divulgação da ciência “alemã” em Portugal pelos bolseiros da JEN/IAC. O caso de Artur Varela Cid e da aeronáutica. Encerrado o cenário das Instituições é tempo de se tomar contacto com os Agentes e Dinâmicas da Ciência e da Internacionalização da Ciência na Europa do século XVIII- XX. Começamos pela análise de um Epistolário científico e internacionalização da história natural setecentista, a cargo de João Brigola que nos desvenda as teias relacionais entre Naturalistas do Museu de História Natural da Ajuda (e.g. Domingos Vandelli ) e os congéneres europeus, fluxos por onde passavam informações sobre jardins botânicos, herbários, espécimes exóticos provenientes dos territórios ultramarinos, como o Brasil. A partir do Brasil, enquanto espaço de dinâmica científica, Rafael Dias da Silva Campos apresenta O internacionalismo da medicina portuguesa: teses de luso-brasileiros em Montpellier. Uma agenda de Luzes europeias que se fazem sentir no espaço Atlântico, ocidental, do Império Ultramarino português, defendendo este não é apenas reprodutor, mas produtor de saberes ilustrados. Ana Cardoso de Matos e Liliana Maia Pina são responsáveis por O papel dos Congressos e das Exposições Universais no desenvolvimento da telegrafia eléctrica em Portugal (1855 - 1879), abrindo uma outra agenda os signos «Exposições Universais» e «Congressos Internacionais», instrumentos de circulação internacional de pessoas, de ideias e de tecnologia, no qual Portugal estava totalmente inserido. Elisabete J. Santos Pereira aborda Colecções privadas portuguesas no contexto científico internacional – António Paes da Silva Marques e Francisco Tavares Proença Júnior. Um contributo que permite desvendar as teias (invisíveis) entre o colecionismo privado e a antropologia e arqueologia enquanto práticas científicas, no final do século XIX e a primeira metade do século XX. Ainda no território da arqueologia Pedro Marques aborda a figura de José Leite de Vasconcelos e o Additamenta nova ad corporis volumen II de 1913: a epigrafia do conuentus Pacensis. Uma forma de inserir a internacionalização da epigrafia latina encontrada em Portugal numa visão internacional do trabalho de Leite de Vasconcelos. Num registo comparável – o focus de análise numa personalidade da cultura e da ciência - Sara Cristina Silva aborda Reynaldo dos Santos (1880-1970): entre o internacionalismo científico e o “diletantismo” artístico. O médico e o historiador de arte em contextos de reconhecimento internacional e de estratégica de difusão pública do património artístico português. É tempo de voltar a olhar o espaço ultramarino. Desta vez Moçambique, pela escrita de Luís Pequito Antunes: Relações de vizinhança e internacionalização da ciência em Moçambique: os encontros científicos realizados em Lourenço Marques (actual Maputo) entre 1913 e 1968. Tema central: encontros científicos organizados pela South African Association for the Advancement of Science, pela Union of South Africa Medical Association e pela South African Museums Association em Lourenço Marques (Moçambique), com o apoio da administração e serviços coloniais e contributo para nova visão da «ciência colonial». Ana Carina Azevedo conduz-nos para o papel que A transferência de conhecimentos de organização científica do trabalho: o papel dos consultores internacionais em organização. No século XX a difusão internacional da organização científica do trabalho, em diversos países, relaciona-se com desenvolvimento do sector da consultoria em organização, fatores determinantes que nos ajudam a entender a dinâmica de atores nas instituições produtivas e científicas, num registo internacional. Manuel Correia apresenta-nos um modelo boa organização científica em função de um objetivo: Portugal-Brasil: mola real do Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina de Egas Moniz (1949). E ainda no âmbito das estratégias de internacionalização e consagração cientifica que se insere o contributo de Ana Cristina Martins: O 1.º Congresso Nacional de Arqueologia (1958) entre a internacionalização da ciência e o internacionalismo científico. Um Congresso de encontro de duas gerações de arqueólogos: os consagrados de fim de século XIX) e a emergência da dinâmica científica em Portugal da New Archaeology, de matriz anglo-saxónica. Por último, num olhar sistémico e pluridisciplinar o estudo de Cristina Emília Silva e Gonçalo Furtado, Divulgação Internacional da Arquitectura Portuguesa, 1977-1983, permitindo uma comparabilidade temática, e de agendas de investigação, com a internacionalização da ciência, instituições e atores. |