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Os excelentes resultados alcançados a curto e médio prazo com as endopróteses articulares aplicadas em Ortopedia, não resistem à prova do tempo. O desgaste tribológico dos biomateriais incluídos na sua composição, conduz à formação de partículas que estão na origem de reações de intolerância biológica, reações “a corpo estranho”, as quais provocam osteólises periprotéticas de maior ou menor dimensão levando, em consequência disso, ao desprendimento dos implantes, isto é, a uma falência da artroplastia. Partículas de polietileno, do cimento ósseo (metacrilato de metilo), metálicas, de hidroxiapatite e de alumina e zircónio (cerâmicos densos) podem interferir na fixação mecânica das artroplastias. As partículas promovem a estimulação de células da linhagem macrofágica, neutrófilos polimorfonucleares, fibroblastos, osteoblastos e de outras células que induzem a produção de citocinas, quimiocinas, ácido nítrico, prostaglandinas, metaloproteínases e enzimas lisossómicas, todas substâncias pró-inflamatórias. Estes mediadores da inflamação estão sob controlo direto do recetor ativador do fator kappa B (RANK) e do seu ligando (RANKL), da interleucina 1, 6 e 8, da proteína quimiotática macrofágica e de outros fatores. Estes mecanismos celulares levam à produção de fatores inflamatórios, que atuam por mecanismos autócrinos e parácrinos, com o consequente aumento desregulado da diferenciação, maturação e ativação de osteoclastos, provocando uma destruição local de tecido ósseo, isto é, uma perda de substância óssea (osteólise). Para além destes efeitos locais nos espaços intra-articular e periprotético, as partículas originadas pelo atrito dos diversos tipos cúpula de fricção articular e das diversas interfaces protéticas provocam, também, efeitos sistémicos, uma vez que alcançam o sistema vascular e linfático. Reações adversas às partículas metálicas ocorrem com todos os tipos de prótese da anca, embora com um risco maior no par articular metal-metal. Neste contexto e de forma semelhante, torna-se importante considerar um elevado risco para o par cerâmico-cerâmico e, também, polietileno-metal com cabeças femorais de diâmetro 36 mm ou mais. Daí, usar cabeças femorais 28mm/32mm e em cerâmico denso, sempre que tal seja possível. As reações sistémicas aos metais estão na ordem do dia, sendo motivo de preocupação da comunidade médica internacional uma vez que envolvem um elevado número de órgãos e funções, mormente os efeitos secundários renais, endócrinos, cardíacos, visuais e neurológicos. Estes últimos têm suscitado maior interesse e investigação, uma vez que se estabeleceu uma correlação com a presença de alterações cognitivas e degenerativas causadas, principalmente, pelo cobalto. Pelo atingimento neurológico, tal como de todos os outros órgãos, é da maior importância proceder a um controlo preventivo das reações adversas dos resíduos metálicos recorrendo ao exame clínico, a análises laboratoriais e à imagiologia, nos doentes em risco. Neste contexto, fármacos modeladores da resposta biológica às partículas, poderão contribuir para atrasar ou prevenir a progressão das doenças, assim como para uma ainda maior longevidade dos implantes protéticos. No entanto, atualmente, a cirurgia de revisão de prótese mantém-se como a terapêutica de base para estas situações. info:eu-repo/semantics/publishedVersion |