Guia de Campo

Autor: Catarinio, Luís, Frazão-Moreira, Amélia, Bessa, Joana Heloísa de Jesus Vieira, Parathian, Hannah Elisabeth, Hockings, Kimberley
Přispěvatelé: Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA - NOVA FCSH), Departamento de Antropologia (DA)
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2020
Předmět:
Popis: UID/ANT/04038/2019 UIDB/04038/2020 UIDP/04038/2020 Com os chimpanzés a habitarem territórios cada vez mais antropogénicos, é crucial compreender a sustentabilidade das suas interações com as pessoas para a conservação da biodiversidade e para garantir o bem-estar humano. Uma compreensão aprofundada da co-utilização de recursos vegetais por seres humanos e chimpanzés pode ser incorporada numa política de conservação, ao nível regional e nacional, que reconheça as necessidades de ambos (Bersacola et al. 2018). Isso permite elaborar recomendações, baseadas em evidências científicas, para a exploração sustentável de plantas silvestres, especialmente das espécies recorrentemente usadas. Por exemplo, pode revelar que espécies de plantas devem ser priorizadas para replantar os corredores entre fragmentos florestais e quais devem receber proteção adicional para garantir a sua persistência e uso sustentável a longo prazo por humanos e chimpanzés. O chimpanzé ocidental (Pan troglodytes verus) está classificado como ameaçado pela UICN e é uma espécie bandeira importante para a conservação na Guiné-Bissau (Sousa 2015). A dieta dos chimpanzés pode consistir em centenas de espécies vegetais diferentes, constatando-se diferenças entre comunidades nas espécies consumidas e na sua importância na dieta. Além da alimentação, os chimpanzés usam plantas silvestres por várias outras razões, inclusive para criar ferramentas para aceder a recursos como o mel, mas também para construir ninhos, para os quais os galhos e as folhas de árvores são quebrados, dobrados e entrelaçados, criando uma estrutura circular onde dormem. Várias comunidades de chimpanzés estão presentes nas florestas do centro-sul do Parque Nacional Cantanhez (PNC) (Hockings e Sousa 2013). Este Guia de Campo concentra-se na comunidade de chimpanzés de Caiquene-Cadique, que ocupa uma área de aproximadamente 12,7 km2, situando-se parte do seu território nas proximidades de áreas agrícolas e povoações humanas (Bessa et al. 2015). As comunidades humanas envolvidas no estudo, das povoações de Caiquene, Cadique Nalu e Cabdaia, são dos grupos étnicos nalu e balanta e detêm um profundo conhecimento botânico e complexos sistemas agro económicos. Os recursos vegetais são cruciais para a população local, uma vez que suprem as suas necessidades de subsistência e medicinais, sendo ainda usados na construção e como combustível. Algumas plantas são igualmente usadas em cerimónias e rituais religiosos. Assim, as plantas são vitais para a sobrevivência e detêm um significativo valor cultural (Parathian et al. 2018). Neste contexto, constata-se uma ampla sobreposição da seleção de habitats por seres humanos e chimpanzés, usando áreas dentro e fora das principais manchas florestais. Até ao momento, a sobreposição do uso de recursos selvagens por pessoas e chimpanzés recebeu pouca atenção científica. Estudá-lo em paisagens compartilhadas é metodologicamente desafiador e requer o conhecimento das plantas disponíveis nos diferentes habitats, além da recolha sistemática e simultânea de dados empíricos sobre o uso de recursos por humanos e chimpanzés. Para realizar de forma aprofundada este tipo de estudos é necessário cruzar abordagens e conhecimentos de diferentes disciplinas, ou seja, realizar uma pesquisa interdisciplinar. publishersversion published
Databáze: OpenAIRE