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RESUMO - A pandemia COVID-19 trouxe uma realidade sem precedentes, que se pautou pelos inúmeros desafios colocados à sociedade em geral e, em particular, aos sistemas de saúde. Uma das grandes dificuldades que estiveram presentes no quotidiano dos gestores de organizações de saúde foi lidar com a ausência de trabalhadores essenciais no combate à pandemia. Neste sentido, o presente trabalho pretende determinar o potencial impacto da pandemia COVID-19 no absentismo do SNS e estimar os custos ligados ao mesmo, no período 2019-2020. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, transversal retrospetivo que teve como fonte de dados o Portal da Transparência do SNS e o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Desta forma, procedeu-se à caraterização do absentismo, antes e depois da pandemia, em número absoluto, em percentagem de trabalhadores-dia e por Região de Saúde. Foram ainda analisadas as principais causas que explicaram este absentismo e calculada a taxa de ausência dos trabalhadores. Na avaliação económica foram estimados os custos destas ausências para o SNS recorrendo ao Método do Capital Humano e desenvolvidos em acréscimo dois cenários destintos de estimação de custos. Com os resultados obtidos foi possível verificar que, do ano 2019 para o ano 2020, foi registado um aumento de cerca de 25% das ausências dos trabalhadores do SNS, tendo sido estimado um aumento da despesa associada ao absentismo destes profissionais em 52,6 milhões de euros. Enquadrando os dias de ausência na sua tipologia, constatou-se que os motivos de doença, proteção na parentalidade e acidente de trabalho ou doença profissional foram os mais prevalentes num ano marcado pela pandemia. A taxa de ausência em todas as Regiões de Saúde foi superior em 2020. Existiram diversos fatores que contribuíram para o aumento do número de dias que os profissionais de saúde estiveram ausentes do SNS, muitos deles ligados à pandemia COVID-19, quer diretamente, quer indiretamente. Estes dias de ausência poderão ter conduzido a dificuldades e constrangimentos acrescidos em organizações de saúde que estiveram na linha da frente do combate à pandemia, ameaçando a sua capacidade de resposta. ABSTRACT - The COVID-19 pandemic posed numerous challenges to the whole society and to the health systems in particular. One of the major difficulties was the absence of health workers critical to fighting the pandemic. In this sense, this work aimed to estimate the potential impact of the COVID-19 pandemic on NHS absenteeism and the costs associated, from 2019 to 2020. This quantitative, descriptive, retrospective cross-sectional study has data from the NHS Transparency Portal and from Gabinete de Estratégia e Planeamento. Absenteeism was compared, before and after the pandemic, in absolute terms, and as a percentage of workers–days; nationally and by Health Region. The main reasons mentioned for absenteeism were also analysed, and the absence rate was calculated. An economic evaluation was performed, estimating the absence costs for the Portuguese NHS, using the Human Capital Method. In addition, two scenarios were estimated, using alternative methods. Results showed that there was a 25% increase in NHS workers' absence. This increased absence had an additional cost of 52.6 million euros. Framing absence days according to their typology/causes, it was found that the most prevalent reasons were sickness, parental protection and work accident or occupational disease. The absence rate in all Health Regions was higher in 2020. Several factors might explain the excess of absence days among NHS workers, during the pandemic, but some of them are likely to be associated with COVID-19 infection, either directly or indirectly. These absent rates might lead to increased difficulties and constraints in healthcare organizations, threatening adequate response to the pandemics. |
