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No final de 1965, Maria Gabriela Llansol e seu marido, Augusto Joaquim partem exilados de Portugal em direção a Bélgica. Em Louvain, fundam a Escola da Rua Namur com o objetivo de acolher filhos de exilados políticos de diversas nacionalidades e também crianças com necessidades especiais. Durante este período, Llansol dá início a sua primeira trilogia, Geografia de Rebeldes, e escreve diversas notas a respeito da experiência vivida naquele período. Os Apontamentos da Escola da Rua Namur são uma reunião destas notas que Llansol havia pensado em publicar como livro, mas que permanece como um projeto inacabado. Esta dissertação toma uma frase colhida destes apontamentos, “Quando perco o mundo, aparece a terra”, como cifra de entrada e leitura para um pensamento da Terra com Llansol. Desdobramos esta proposta em três capítulos. O primeiro explora a tese de Manuel Gusmão de que a escrita de Llansol se apresenta como uma reconfiguração aberta do humano e buscamos pensa-la diante da perda do mundo; o segundo procura pensar a escrita diante do aparecimento da terra, aliados à leitura de Silvina Rodrigues Lopes de que Llansol jamais se ocupou da invenção de mundos, mas da habitação da terra. Formulamos assim uma pergunta: de que maneira a escrita participa da habitação da terra quando se perde o mundo? Por fim, no terceiro capítulo, propusemos a ideia das cosmopolíticas da escrita como um conceito capaz de abarcar a radicalidade de uma política alargada, para além do humano e também de uma escrita atravessada pelas forças e movimentos da terra. Com Llansol, propomos que as cosmopolíticas da escrita se multiplicam em três: 1) a escrita como cuidado; 2) a escrita como criação de refúgios; 3) a escrita como contrafeitiço da Literatura À la fin de 1965, Maria Gabriela Llansol et son mari, Augusto Joaquim, partent en exil de Portugal vers la Belgique. À Louvain, ils fondent l’École de la Rue Namur pour accueillir les enfants des exilés politiques de pluisieurs nationalités et aussi des enfants ayant des besoins particuliers. Pendant cette période, Llansol commence sa première trilogie, Géographie des Rebelles, et écrit plusieurs notes sur l’expérience vécue à cette époque. Les Notes de l’École de la Rue Namur sont une réunion de ces notes que Llansol avait pensé à publier comme livre, mais qui reste un projet inachevé. Ce mémoire de recherche prend une phrase tirée de ces notes, "Quand je perds le monde, apparaît la terre", comme un code d’entrée et de lecture pour une pensée de la Terre avec Llansol. Nous décomposons cette proposition en trois chapitres. Le premier explore la thèse de Manuel Gusmão selon laquelle l’écriture de Llansol se présente comme une reconfiguration ouverte de l’humain et nous cherchons à la penser face à la perte du monde; le second cherche à penser l’écriture face à l’apparition de la terre, toute en considérant la lecture de Silvina Rodrigues Lopes sellon laquelle Llansol ne s’est jamais occupé de l’invention des mondes, mais de la demeure de la terre. Nous posons ainsi une question : comment l’écriture participe-t-elle au logement de la terre quand on perd le monde? Enfin, dans le troisième chapitre, nous avons proposé l’idée des cosmopolitiques de l’écriture comme un concept capable d’embrasser la radicalité d’une politique élargie, au-delà de l’humain et aussi d’une écriture traversée par les forces et mouvements de la terre. Avec Llansol, nous proposons que les cosmopolitiques de l’écriture se multiplient en trois : 1) l’ écriture comme soin ; 2) l’ écriture comme création de refuges ; 3) l’ écriture comme contre-sort de la littérature. |