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Em Portugal, até ao momento, são poucos os estudos publicados relativamente à epidemiologia de problemas durante e após a viagem. Neste estudo, pretendeu-se caraterizar os problemas de saúde, durante e até três meses após a viagem, em viajantes que recorreram a consulta pré-viagem e permaneceram no destino até 90 dias, através de um formulário pré-viagem e de um questionário pós-viagem aplicado telefonicamente. Num total de 90 viajantes, 23 viajantes (25,6%) referiram a ocorrência de um ou mais problemas de saúde, durante ou após o regresso da viagem: 17,8% diarreia do viajante, 8,9% febre, 2,2% problemas de pele e 2,2% acidente ou traumatismo. Após o regresso da viagem, apenas foram referidos dois casos (2,2%) de problemas de saúde, nomeadamente febre. Os viajantes que tiveram problemas de saúde são proporcionalmente mais jovens, com escolaridade de ensino secundário completo e permaneceram no destino por um período superior a 30 dias. Os viajantes que se deslocaram à África Subsariana e ao Sudeste Asiático relataram, proporcionalmente, mais problemas de saúde. Cerca de um quinto dos viajantes interromperam ou não aderiram à quimioprofilaxia da malária. Considerando que, de acordo com a estatística da malária importada em Portugal, esta se encontra em sentido crescente, seria importante acompanhar especialmente estes viajantes no sentido de despistar precocemente casos de malária. Neste sentido, é importante a melhoria contínua da qualidade do aconselhamento ao viajante, nomeadamente na prevenção de problemas em viagem, no esclarecimento sobre o risco da viagem, na adesão à quimioprofilaxia da malária, na prevenção e na correta utilização de antibióticos, no tratamento de diarreia do viajante, no incentivo à procura de ajuda médica durante e após a viagem e no acompanhamento, diagnóstico e tratamento após o regresso da viagem. In Portugal, the publications for epidemiological problems during and after travel are very few. In this investigation, we want to characterise the health problems, during and after travel, in individuals attending a pre-travel consultation and that remained in the destination for up to 90 days, through a pre-travel form and a three-month post-travel questionnaire, this last applied by phone. A total of 90 travellers were included, from whom 23 (25.6%) reported an occurrence of one or more health problems, during or after returning home: 17.8% traveller's diarrhoea, 8.9% fever, 2.2% skin problems and 2.2% suffered from an accident or trauma. After returning home, only two travellers (2.2%) reported to have had health problems, specifically fever. Ill travellers were younger; with high school level completed and have remained in the destination for more than 30 day. Travellers who visited Sub-Saharan Africa and Southeast Asia reported more health problems than those who went to other destinations. About one-fifth of the travellers discontinued or did not take any malaria chemoprophylaxis. In Portugal, according to the statistics, imported malaria is increasing. Considering that, it would be important to follow these travellers, especially the mentioned above group in order to find malaria cases earlier. Therefore, it is important to continuously improve the quality of traveller's advice, mainly in the prevention of health problems, focusing travel’s risk, adherence to malaria chemoprophylaxis, prevention and correct use of antibiotics in traveller's diarrhoea, encouraging demand of medical care during and after travel and follow-up, diagnosis and treatment after returning home. |