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RESUMO - Introdução: As complicações de cuidados de saúde (CCS) são consideradas indicadores de resultados que avaliam a qualidade dos cuidados de saúde. As CCS consistem em diagnósticos secundários que não estavam presentes no momento da admissão e que foram adquiridos durante o internamento, acarretando consequências negativas quer para os próprios doentes, famílias, hospitais e Serviço Nacional de Saúde. Compreender o seu impacte na efetividade e eficiência dos hospitais fornecerá dados importantes para se poder atuar quer em benefício dos doentes quer dos hospitais. Na presente dissertação pretendeu-se avaliar o impacte das CCS na mortalidade, reinternamentos e demora média. Metodologia: Com recurso à Base de Dados de Morbilidade Hospitalar (BDMH) do ano 2015 e classificação dos doentes fornecida pelos Grupos de Diagnósticos Homogéneos (GDH) e pelo Disease Staging, foram selecionados 473755 episódios obedecendo aos seguintes critérios: episódios com risco de desenvolver as 4 CCS, idade superior a 18 anos, internamentos com mais de 24 horas e alta para o domicílio ou falecidos. Os 44 hospitais da BDMH foram organizados em 4 grupos de 11 elementos por ordem decrescente de número de episódios registados. Foram analisadas as características das CCS ao nível do episódio e do hospital e calculadas de taxas mortalidade e reinternamentos e a demora média nos episódios sem e com CCS em cada uma das 4 CCS selecionadas, em função de grupos de hospitais, grupo etário e sexo. Resultados: Com a investigação verificou-se que a presença de CCS influenciou a mortalidade, reinternamentos e demora média, apresentando valores mais elevados nos episódios com CCS do que nos episódios sem CCS. Nos episódios com CCS, quando analisada em função da mortalidade, reinternamentos e demora média, a dimensão dos hospitais/ volume de episódios aparentemente tiveram menor influência do que idade e sexo. As taxas de CCS foram mais elevadas nos mais idosos e no sexo masculino; nos episódios com CCS, a taxa de comorbilidades e o tipo de admissão urgente foram mais elevados. Contudo, as complicações mecânicas de dispositivos médicos, implantes ou enxertos apresentaram características distintas das restantes CCS. Conclusão: Aparentemente as CCS tem impacte nos três indicadores de resultado em estudo e, portanto, os decisores políticos e gestores devem equacionar estratégias e medidas com base na evidencia científica que estimulem a prestação de cuidados de saúde de qualidade nos hospitais públicos portugueses. ABSTRACT - Introduction: Complications of care (COC) are considered a health outcome that assess the quality of health care. COC consists of secondary diagnoses not present on admission and acquired during hospitalization, thus, generating negative consequences for patients, families, hospitals and the National Health Service. Understanding their impact on the effectiveness and efficiency of hospitals will provide important data for the benefit of patients and hospitals. The aim of this dissertation was to evaluate the impact of COC on mortality, unplanned readmission and the average length of stay (ALOS). Methodology: Using the 2015 Portuguese Hospital Discharge database and patient classification provided by Diagnosis Related Groups and Disease Staging, 473755 episodes were selected for the study, obeying the following criteria: episodes in risk of 4 COC selected previously; in-hospital stay over 24 hours; discharge to home or dead and age superior to 18 years old. In addition, 44 hospitals of the database were organized into 4 groups of 11 elements in descending order of recorded episodes. The characteristics of the COC were analyzed at the episode and hospital level, consequently, mortality, unplanned readmission rates and ALOS were calculated in episodes with and without COC in each of the 4 selected COC, for hospital groups, age group, and gender. Results: After analysis, results show that COC influenced mortality and unplanned readmission rates and ALOS, by presenting higher values in the COC episodes than in the episodes without COC. In episodes with COC, the size of the hospital or volume of episodes appear to have less influence than age or gender, when analyzed according to mortality, unplanned readmission rates and ALOS. The majority of COC rates are higher in the elderly and males; in episodes with COC, the rate of comorbidities and urgent admission were higher. However, mechanical complications of medical devices, implants or grafts presented different characteristics of the remaining COC. Conclusion: Based on the carried out analysis, data show that COC has an impact on the three health outcomes of the study. Therefore, policymakers and managers should consider strategies based on scientific evidence to provide quality healthcare in Portuguese public hospitals. |