Convívio e Dispersão: da Tradição Poética em Ensaios de António Ramos Rosa e Haroldo de Campos

Autor: Hansen, Júlia de Carvalho
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2012
Předmět:
Popis: Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Estudos Portugueses No fazer poético moderno, a relação entre inovação e tradição adquire dinâmicas específicas que, segundo Octavio Paz, configuram a modernidade literária como “tradição de ruptura”. A tradição não se extingue, mas é questão de escolha e posição dos poetas, o que cria problemas de legitimação dos fazeres poéticos em que o ensaio se torna o meio privilegiado para a teoria dos poetas. Esta dissertação traça os sentidos atribuídos para tradição e para o tempo em “Ruptura dos Gêneros na Literatura Latino-Americana”, de Haroldo de Campos, e nos dois primeiros ensaios de Poesia, Liberdade Livre, de António Ramos Rosa. Ambos defendem que a poesia não responde a normas e posicionam-se diferentemente perante a tradição. Campos elege autores, utilizando a ruptura como marca evolutiva na definição de linhas de continuidade em comparações sincrônicas. Seu gesto distancia-se de uma tradição crítica brasileira e funda outra tradição nacional, enquadrando o acontecimento da poesia concreta. Para Ramos Rosa a poesia é criação que liberta das ruínas do excesso de razão. O poeta acede ao núcleo espontâneo que divide com o homem: ser humano. As questões de ambos relacionam-se com as escritas em ensaios de poetas não-lusófonos. São eles: Los Hijos del Limo, de Octavio Paz, um grupo de ensaios de Ezra Pound e “Tradition and The Individual Talent”, de T.S. Eliot. Paz determina que a “tradição da ruptura” se deve a abertura do futuro na modernidade e que as vanguardas exacerbaram a ruptura ao ponto de sua aniquilação. Pound entende que a poesia deve ser transmitida porque tem o estatuto da ciência, constituindo, com outras artes, o fundamento para a ética humana. Eliot determina que o talento individual de um poeta se define pelo seu senso histórico, isto é: a consciência da permanência do passado no presente. Cada poeta fundamenta a singularidade de sua tradição e que esta não é absolutamente separada da tradição de outros poetas.
Databáze: OpenAIRE