Ideia e presença: A imagem do rei na construção simbólica do espaço Imperial neo-assírio (sécs. X-VII A.C.)

Autor: Monte, Marcel Luís Paiva do
Přispěvatelé: Caramelo, Francisco José Gomes
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2017
Předmět:
Popis: Durante o I milénio a.C., a Assíria construiu uma larga hegemonia sobre o Próximo Oriente. Os meios de que se serviu para impor o seu domínio sobre vastos e diversificados territórios não eram apenas de natureza político-militar, diplomática e administrativa. A comunicação e a propaganda eram também fundamentais para difundir a reputação do seu poder militar e a sua proclamada legitimidade divina, de acordo com valores de uma cultura política antiga na Mesopotâmia. Sendo a instituição régia a instância mais elevada de autoridade terrena, e o rei a sua face visível e personificação, a sua imagem era o elemento principal do discurso político, que se desdobrava em iconografia, em textos e em cerimónias onde aquele devia participar. Este trabalho pretende investigar outra faceta de representações como estas: a materialização da imagem do rei como instrumento simbólico de apropriação e organização do espaço imperial, nos seus centros e nas suas periferias. Pretende demonstrar que esta dimensão simbólica da realeza complementava, de vários modos, a conquista e a administração efectiva de territórios ou a gestão corrente da política e diplomacia. Seria através da capacidade performativa dos rituais, sobretudo os que utilizavam imagens, figuras e outros signos que se consideravam representar e substituir o rei, que a sua presença – e a do próprio poder – passavam a ser entendidos como reais e concretos. Assim, este trabalho estuda aspectos relevantes da ideologia real assíria, recorrendo, por um lado, à explanação de caracteres estruturantes da cultura mesopotâmica, reflectida em textos mitológicos, literários e inscrições reais; por outro, à análise de alguns géneros monumentais que veiculavam a imagem do soberano, como a estatuária, as estelas e os relevos rupestres. A iconografia, os contextos e os potenciais comunicativos de artefactos como estes eram alguns dos aspectos mais explícitos da materialização da presença do rei e do domínio assírio em espaços e em lugares diversificados. During the first millennium BCE, the Neo-Assyrian Empire imposed a wide hegemony over the Near East. The ways it used to build such rule over vast and diverse territories were not only political, military, diplomatic and administrative. Communication and propaganda were also fundamental to spread the reputation of the Assyrian military might and to proclaim a divine legitimacy to unleash it, according to values of an ancient political culture in Mesopotamia. Since the royal institution was the higher instance of authority on earth, and the king its visible face and personification, the sovereign’s images were the main element of a more general political discourse that unfolded into iconography, texts and ceremonies on which the ruler was due to participate. This work intends to investigate yet another facet of representations such as these: the materialization of the image of the king as symbolic instrument for the appropriation and organization of the imperial space, either in its centers or in peripheral areas. It intends to demonstrate that, in many ways, this symbolic dimension of kingship was supplementary to the effective conquest and administration of territories, and to the more concrete and mundane management of politics and diplomacy. It was through the performative capacity of rituals that used images, pictures and other signs considered to represent and substitute the king that the presence of the ruler – and of power itself – came to be understood as real and concrete. Therefore, this dissertation will deal with relevant aspects of Assyrian royal ideology resorting, on the one hand, to structural features of Mesopotamian culture transmitted by mythological, literary and celebrative texts; on the other, to monuments such as statues on the round, stelae and rock reliefs bearing the picture of the king. The iconography, the contexts and potential audiences of artifacts such as these were only some of the most explicit aspects of the materialization of the king’s presence, ergo, of Assyrian dominance, in diversified spaces and places.
Databáze: OpenAIRE