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Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Objetivos: Procura averiguar-se se existem diferenças ao nível da confiança materna percebida e da resposta ao choro – especificamente, no que respeita à sua frequência e ao tempo médio de latência – em função da quantidade de choro evidenciada pelo bebé no primeiro trimestre. Busca, ainda, apurar se há uma relação entre a quantidade relatada de choro e a experiência anterior de cuidados de bebés. Método: Para o efeito, recorre-se a um estudo de caráter exploratório, transversal, descritivo-correlacional e comparativo, de abordagem quantitativa. O protocolo de investigação administrado, além da respetiva declaração de consentimento informado, integrou: i) um questionário sociodemográfico, na finalidade de reunir aspetos sociodemográficos da mãe, informações atinentes à experiência anterior a prestar cuidados a bebés, à relação mantida e ao apoio prestado pelo pai do bebé, bem como ao período gravídico, ao parto e ao próprio bebé; ii) o Questionário sobre o choro do bebé (0-3 meses), construído especificamente para propósitos da presente investigação, de forma a categorizar bebés com choro excessivo e a coletar, entre outros aspetos, informações referentes à frequência da resposta ao choro e ao tempo médio de latência na resposta ao mesmo; e iii) o Questionário de Confiança Parental (QCP), destinado a avaliar a confiança materna percebida nas suas competências para cuidar e reconhecer as necessidades do seu bebé. A amostra total integra 276 mães, 107 das quais com bebés que, de acordo com a tríade modificada de Wessel, preenchem os critérios para choro excessivo e, por exclusão, 165 com bebés com quantidades normativas de choro. Resultados: Mães com bebés com choro excessivo obtiveram pontuações significativamente inferiores no QCP. O tempo médio de latência relatado na resposta ao choro foi significativamente superior em mães com bebés que choram em excesso; ademais, uma proporção significativa destas confessou que deixar o seu bebé a chorar, sem adotar qualquer tipo de esforço ou medida no sentido de o tranquilizar, é uma atitude relativamente regular (41.1% vs. 2.4%), algumas indicam mesmo que essa é uma prática frequente (4.7% vs. 0%). Verificou-se ainda que, a proporção relatada de bebés com choro excessivo foi significativamente superior nas respondentes sem qualquer experiência anterior no cuidado de bebés. Discussão e conclusões: O choro excessivo está associado a uma menor confiança materna percebida, e em termos de resposta, a uma menor frequência e a tempos de latência superiores, ou seja, a um maior evitamento. A experiência anterior de cuidados com bebés exerce influência na quantidade de choro (real ou percebida). Os resultados são discutidos à luz da literatura disponível na área. Este estudo tem implicações práticas para todos os profissionais de saúde que lidam com mães de bebés com choro excessivo e assinala a premente necessidade de estudar esta problemática em contexto nacional não só em termos de impacto desencadeado nos cuidadores, mas também ao nível da resposta, explorando alguns aspetos que permitam compreender algumas das suas adjacências. Objectives: It seeks to ascertain if there are differences in the perceived maternal confidence and the response to crying – specifically, in terms of frequency and mean latency time – depending on the amount of crying experienced by the infant in the first trimester. It also seeks to determine if there is a relationship between the reported amount of crying and the previous experience of infant care. Methods: For this purpose, an exploratory, cross-sectional, descriptive-correlational and comparative study of a quantitative approach is used. The protocol of investigation administered, in addition to the respective declaration of informed consent, integrated: i) a sociodemographic questionnaire, in order to gather sociodemographic characteristics of the mother, information related to the previous care experience to infants, the relationship maintained and the support provided by the father of the infant, as well as the pregnancy period, birth and the infant itself; ii) the infant crying questionnaire (0-3 months), built specifically for purposes of the present investigation, to categorize infants with excessive crying and to collect, among other aspects, information regarding the frequency of the response to crying and the mean latency time in response to it; and iii) the Parental Confidence Questionnaire (QCP), aimed at assessing the perceived maternal confidence in their abilities to care for and recognize their infant needs. The total sample comprise 276 mothers, 107 of whom had babies who, according to the modified Wessel triad, met the criteria for excessive crying and, by exclusion, 165 with babies with normative amounts of crying. Results: Mothers with infants with excessive crying scored significantly lower on the QCP. The mean latency time reported in the cry response was significantly higher in mothers with infants with excessive crying; moreover, a significant proportion of them confessed that letting their baby cry, without taking any effort or measure to reassure him, is a relatively regular attitude (41.1% vs. 2.4%), some even indicate that this is a common practice (4.7% vs. 0%). It was also found that the reported proportion of infants with excessive crying was significantly higher in respondents without any prior experience in infant care. Discussion and conclusions: Excessive crying is associated with decreased perceived maternal confidence and in terms of response, at a lower frequency and higher latency times, that is, greater avoidance. Previous infant-care experience influences the amount of crying (real or perceived). The results are discussed based on the available literature in this area. This study has practical implications for all health professionals who deal with mothers of infantss who cry excessively and emphasizes the necessity to study the problem of excessive crying in a national context, not only in terms of the impact in caregivers, but also on the level of response, exploring some aspects that make it possible to understand some of its peculiarities. |