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Trabalho Final do Mestrado Integrado em Medicina apresentado à Faculdade de Medicina O traumatismo crânio-encefálico grave é uma das principais causas de mortalidade e também de morbilidade em doentes jovens. Uma das possíveis complicações deste tipo de eventos é a disfunção dos eixos endocrinológicos. Esta complicação pode manifestar-se em fase aguda ou em fase crónica, podendo caracterizar-se por défices hormonais de qualquer dos eixos endocrinológicos.A fisiopatologia desta complicação não é ainda suficientemente conhecida, sendo diversas as hipótese aceites para justificar este facto, nomeadamente causas vasculares, edema, compressão da haste hipofisária ou ainda o aumento da pressão intracraniana.Devido à grande variedade de distúrbios possíveis e devido à morbilidade associada a alguns défices hormonais, torna-se necessário identificar quais os eixos mais frequentemente afectados e qual a sua relação com a localização e gravidade do traumatismo, para que seja possível uma pesquisa de défices hormonais orientada pelo aspecto imagiológico inicial do traumatismo. Desta forma, poderemos actuar de forma precoce na reposição hormonal dos eixos afectados, evitando as consequências de défices graves detectados tardiamente e possivelmente melhorando também os ‘outcomes’ finais da recuperação dos doentes com traumatismos crânio-encefálicos.Os vários estudos realizados noutros centros europeus demonstraram uma elevada prevalência de traumatismos crânio encefálicos em adultos jovens, com um elevado impacto funcional.Apesar de já ser realizada TAC-CE a todos os doentes com traumatismo crânio-encefálico grave, não existem ainda quaisquer indicadores que permitam antever qual será a sua repercussão desse mesmo traumatismo a nível hormonal, não existindo também nenhum estudo recente publicado no CHUC (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra) que compare a prevalência deste problema neste centro com o de outros a nível mundial.Este estudo propõe-se a analisar e publicar os dados mais relevantes acerca da prevalência e incidência da disfunção endocrinológica em doentes com Traumatismos Crânio-Encefálicos com internamento superior a 24 horas, correlacionando a localização, gravidade e tipologia dos traumatismos com a incidência de complicação.A comparação ao longo do tempo e entre diferentes centros mundiais de referência é central para aumentar a compreensão de qual é a realidade clínica neste campo, permitindo no Futuro que seja feita uma intervenção mais precoce, evitando as consequências nefastas dos défices hormonais não diagnosticados atempadamente. O CHUC é um centro com elevado número de casos de traumatismo crânio-encefálico, pelo que poderá permitir utilizar uma amostra de elevada dimensão, contribuindo para a relevância da investigação. Um tratamento estatístico e redacção cientificamente correctos poderão permitir a este trabalho contribuir significativamente para o avanço do conhecimento científico na área. Acresce ainda que este trabalho não envolve custos de qualquer tipo para o Hospital, nem afecta de forma alguma os doentes envolvidos ou compromete os seus direitos. Serão excluídos todos os doentes que não tenham assinado o consentimento informado e todos os doentes com idade inferior a 18 anos.Será feita uma breve análise estatística descritiva recorrendo ao SPSS 24®. Os dados obtidos serão comparados com estudos semelhantes de outros países (ver referências bibliográficas).O nome e número de processo clínico dos doentes e a data do traumatismo crânio-encefálico não serão divulgados nem tratados. Os dados tratados serão a idade, sexo, a gravidade, a tipologia e a topografia das lesões provocadas pelo traumatismo crânio-encefálico, o respectivo diagnóstico clínico e técnica cirúrgica utilizada, correlacionando estes dados com o estado funcional dos vários eixos hormonais avaliados; estes dados não permitem de maneira alguma comprometer o anonimato e privacidade dos doentes individuais. Introduction: Traumatic Brain Injury is a major public health problem and a precise knowledge on its impact is necessary to improve the related clinical outcomes. The aim of this study is to evaluate the prevalence of adrenocorticotropic axis impairment in these patients and to relate the cortisol levels with the severity of trauma, the typology and topography of the lesions. Methods: Data from the digital clinical files of all the TBI patients admitted to Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) from 1st January until 30th June 2016 and were retrospectively collected and analysed. Results: Across the 6 months considered, 164 patients with TBI meeting this study criteria were admitted to CHUC. Severe TBI accounted for 17 patients (10.4%), 42 (25.6%) had a moderate TBI and 105 (64%) had a mild TBI. A total of 41 patients (25%) had abnormal cortisol values from which 33 (20.1%) had hypercortisolism and 8 (4.9%) had hypocortisolism. A statistically significant difference was found, suggesting that severity of TBI is associated with differences in cortisol levels (p = 0.01). It became apparent that higher than normal cortisol levels were associated with moderate to severe head trauma, while mild head trauma was more associated with normal or subnormal cortisol levels. No differences were found between cortisol median values of intra or extra-axial lesions, neither across topography or gender groups (p = 0.43). Significant differences in cortisol levels were also found between groups submitted to clinical and imagological evaluation versus surgical therapy with the patients submitted to surgical therapy presenting higher cortisol levels than those monitored by imagological evaluation Conclusions: The prevalence of cortisol abnormalities reported in our study is consistent with the range of values set by most studies in this regard and our findings are in line with results from other groups regarding susceptibility of the hypothalamic-hypophyseal axis to head trauma. We found a statistically significant difference in cortisol median values between mild head trauma group and moderate/severe groups, with mild severity group having lower median cortisol levels, but no relation between hypocortisolism and head trauma severity. Thus, at this time, we cannot propose screening to be restricted to a specific subset of patients. Therefore, the screening for hypocortisolism should not be held exclusively according to severity of trauma, and should encompass a wider number of variables, to reflect the complexity of this disorder. We feel this study should be continued with further patient recruitment, in order to disclose which patients are most likely to benefit from screening and subsequent treatment of pituitary insufficiency, allowing an early replacement of the hormonal deficits and therefore improving the clinical outcomes of such patients. |