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O ciclo de conferências, que agora publicamos, é constituído pelo conjunto de comunicações proferidas pelos vários docentes do Departamento de Português ao longo do ano de 2003, numa organização do mesmo Departamento e inseridas no seu Plano de actividades. Vários são os olhares e as reflexões que este grupo de docentes propôs para debate a toda a comunidade educativa, tendo garantido sempre um número razoável de participantes, atentos e interessados, nas várias temáticas abordadas. Os sete textos que compõem esta publicação Ciclo de Conferências – Estudos de Língua e de Literatura, são a súmula de uma reflexão multidisciplinar e são, afinal, o melhor testemunho de que há um vasto campo de possibilidades a explorar na área da Língua e Literatura Portuguesas que todos consideramos a pedra angular da nossa identidade. Esta “obra” reúne, então, vários contributos à volta de três grandes áreas científicas: a Literatura, a Linguística e a Didáctica. Estes contributos apontam, em primeira instância, para as “Histórias, Mudanças e Perplexidades” do ensino/aprendizagem da Língua e da Literatura portuguesas, desde a primeira “Gramática da linguagem portuguesa’’, de Fernão de Oliveira, editada em 1536 até aos nossos dias. Outros olhares trouxeram-nos reflexões sobre grandes vultos da nossa Literatura como Mário de Sá-Carneiro, o poeta colaborador da revista Orpheu, que oscilou entre a tradição e a modernidade, que contou o desejo de uma vida que não teve, através da exuberância das imagens a substituir a expressão lógica. Ouvimos, depois, falar de José Régio, o poeta dos Poemas de Deus e do Diabo, o seu primeiro livro de poesia publicado em 1925 na Lusa Atenas. Fundador da Presença, cultivou os vários géneros literários, tendo sido, talvez, o teatro a sua grande paixão. Finalmente, Guerra Junqueiro um poeta atento e crítico aos desenvolvimentos literários e históricos do seu tempo e do seu país, onde não esqueceu a temática da Criança, consciente da importância da sua formação integral para a construção de um Portugal com futuro. Na área da Didáctica foi abordada a problemática da aprendizagem da escrita, considerando esta o meio privilegiado de comunicação à distância, graças a um código especial que permite transportar o discurso de uma forma duradoira, por oposição à linguagem oral que é passageira – “verba volant, scripta manent …” A encerrar este Ciclo de Conferências, tivémos duas reflexões, não menos sugestivas, na área da Linguística. A primeira que teve como grande objectivo o da clarificação e distinção entre Linguística, Gramática Tradicional e Ensino das Línguas, explicando a autora por que razões um professor de Línguas, que não é um linguista, deve estudar Linguística. Para tal, põe em confronto análises de fenómenos Linguísticos de acordo com a gramática tradicional e de acordo com a linguística, de que sobressai o rigor atingido por esta. A segunda abordou os aspectos sintácticos e semântico-pragmáticos dos conectores linguísticos, procurando estabelecer as diferenças entre conjunções coordenadas, subordinadas e de marcadores discursivos. Temos, assim, uma compilação de textos subordinados a temáticas muito diferentes que mais não são do que uma partilha de ideias e reflexões com o agora público-leitor, à semelhança do que já aconteceu com o público-ouvinte. O facto desta obra agrupar comunicações de áreas diversas, com opções diferentes de exposição e de referenciação bibliográfica, origina também formatos de apresentação diversificados. Decidimos manter os formatos originais, não procedendo a qualquer tipo de uniformização. Foi um desafio, claramente ganho, do Departamento de Português que deu a conhecer alguma da investigação que se vem fazendo neste Departamento e que é um nítido indicador de que todos estamos fortemente empenhados na construção de um ensino cada vez melhor. |