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Resumo O artigo analisa o papel das organizações não governamentais (ONG) na construção do campo de combate ao tráfico de pessoas, isto é, na conceituação do tráfico e das suas vítimas e na elaboração de políticas e práticas para o combater. Mobilizando entrevistas, observação e investigação documental e adotando uma perspetiva histórica, o artigo incide na análise da experiência portuguesa. O artigo argumenta que, em contextos caracterizados por um alto nível de institucionalização do campo de combate ao tráfico e por uma fragilidade estrutural da sociedade civil organizada, as ONG envolvidas no processo de terceirização dos serviços antitráfico não interpelam as políticas e as práticas do combate ao tráfico - incluindo a controversa abordagem securitária, focada na persecução dos traficantes, que caracteriza o combate ao tráfico. Tais práticas incluem o silenciamento de qualquer debate sobre a prostituição, pelo menos no aparelho de combate ao tráfico. |