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RESUMO Inspirada pelo trabalho de Cavalcanti (1986, 2006, 2013), em que questões de linguagem são compreendidas de forma interdisciplinar, neste artigo analiso as ideologias linguísticas que comparecem em narrativas de dirigentes e frequentadoras de centros de Umbanda sobre os pretos-velhos, interrogando a conaturalização histórica de linguagem e raça como uma violenta metafísica racista. Aproximo o registro de fala dos pretos-velhos ao que Lélia González (1988) chamou de “Pretoguês” e Leda Martins (2003) de “Oralitura” - formas de sobrevivência da diáspora negra no Brasil. Finalmente, defendo que esses “espíritos de luz” transcendem dualidades (oral/escrito; vida/morte), inscrevem os saberes da diáspora na cultura nacional, bem como desafiam as ideologias do “branqueamento” e do “padrão monoglota” que definem as imaginações hegemônicas sobre a língua portuguesa no Brasil. ABSTRACT Inspired by the work of Cavalcanti (1986, 2006, 2013), in which the phenomena of language are understood in an interdisciplinary way, in this article I analyze the linguistic ideologies that appear in the narratives of leaders and attendants of Umbanda centers about the speech action of pretos-velhos, questioning the historical “co-naturalization” of language and race as a violent racist metaphysics. I approximate the speech of the pretos-velhos to what Lélia González (1988) called “Pretoguês” and Leda Martins (2003) called “Oralitura” - forms of survival of the Black diaspora in Brazil. Finally, I argue that these “spirits of light” transcend dualities (oral/written; life/death), inscribe the knowledge of the African diaspora into Brazilian culture, and challenge the ideologies of whitening and of the monoglot standard that define hegemonic imaginations about the Portuguese language in Brazil. |