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O presente artigo busca contribuir para a reconstrução intercultural do direito humano linguístico escolar ao letramento, pondo em questão o caráter monovalente e universalizante com que esse direito é inserido no horizonte social dos grupos dominantes do capitalismo global. À luz de uma fundamentação teórica que articula discursos do Círculo de Bakhtin, dos Novos Estudos de Letramento, da Linguística Aplicada e dos Estudos Culturais, são interpretados, na análise de dados, discursos dos professores da Escola Indígena de Ensino Fundamental Itaty, da aldeia guarani do Morro dos Cavalos (SC). Esses discursos reconstroem interculturalmente o direito ao letramento, em primeiro lugar, como direito ao registro escolar da tradição cultural (reivindicado em decorrência das transformações de base econômica das práticas legitimadas de geração e transmissão de conhecimento da comunidade), e, em segundo lugar, como "arma de defesa e sobrevivência", através da qual lutar por uma maior soberania sobre as próprias formas de enunciação, indissociável de uma maior soberania econômica. This paper seeks to contribute to the intercultural reconstruction of the school linguistic human right to literacy, questioning the monovalent and universalizing nature with which this right is inserted in the social horizon of the dominant groups of global capitalism. Upon a theoretical ground that articulates discourses from the Bakhtin Circle, New Literacy Studies, Applied Linguistics and Cultural Studies, the analysis of data interprets discourses about that issue by the Guarani teachers of the Itaty Indigenous Primary School, located in the Guarani village of Morro dos Cavalos (Santa Catarina, Brazil). Those discourses interculturally reconstruct the right to literacy as the right to the school register of their cultural heritage (claimed upon the transformations of economic basis of the community's forms of utterance and legitimated practices of knowledge generation and transmission), and as a "weapon of defense and survival" with which to struggle for fuller sovereignty over their forms of utterance and, inseparably, over their economy. |