Metódos não farmacológicos para alívio da dor e risco de cesárea: um estudo coorte retrospectivo

Autor: Vanessa Aparecida Domingos da Silva Rodrigues
Přispěvatelé: Paro, Helena Borges Martins da Silva, Souza, Kleyde Ventura de, Baldon, Vanessa Santos Pereira Baldon
Rok vydání: 2019
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFU
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
instacron:UFU
DOI: 10.14393/ufu.di.2019.128
Popis: Introdução: A alta prevalência de cirurgia cesariana é um grave problema de saúde pública mundial, ao qual tem-se associado um considerável risco de complicações materno-neonatais. Uma ampla gama de intervenções para reduzir esses altos índices de cesárea tem sido descrita na literatura. Métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto têm-se demonstrado uma alternativa promissora para esse fim. Apesar das evidências dos benefícios desses métodos, poucos estudos analisaram sua associação com a via de nascimento e complicações maternas e neonatais, a ela associados. Objetivo: Analisar o impacto do uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto das mulheres atendidas no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HCU-UFU) sobre a via de nascimento e complicações materno-neonatais. Material e métodos: Coorte retrospectiva com prontuários de mulheres admitidas em trabalho de parto espontâneo ou para indução de trabalho de parto no HCU-UFU, no período de 01 de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2017. Os prontuários foram identificados por meio do uso dos seguintes códigos da 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10): O80, O81, O82, O84.0, O84.1 e O84.2. Análises descritivas foram utilizadas para caracterização da população. Dados perdidos foram recuperados por meio de imputação múltipla aleatória. Realizamos regressão logística ajustada para características sociodemográficas e obstétricas maternas, a fim de analisar as chances das mulheres pertencerem ao grupo de cada desfecho materno-neonatal. Estimamos Risk Ratio (RR), por meio de modelos de regressão logística sem ajustes e ajustados para características sociodemográficas e obstétricas maternas, a fim de analisar os efeitos do uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor e correlacioná-los aos desfechos materno-neonatais. Resultados: Foram analisados 5.293 prontuários de mulheres internadas em trabalho de parto espontâneo ou para indução do trabalho de parto. Desses, 2.006 (37,9%) apresentaram registro do uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto: 1.582 (78,9%) registros de banho morno no chuveiro, 1.281 (63,9%) de bola suíça, 352 (17,5%) de variedade de posições, 175 (8,7%) de massagem relaxante e 97 (4,8%) da técnica da respiração orientada. Do total de prontuários analisados, 2.196 (41,5%) referiam-se a cirurgia cesariana e 448 (8,5%) apresentaram registro de alguma complicação materno-neonatal. O uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor reduziu em aproximadamente 73% (RR 0,27; IC95% 0,24 - 0,31) o risco de cirurgia cesariana mas, não interferiu na ocorrência de complicações materno-neonatais (RR 0,89; IC95% 0,71 - 1,13). Conclusão: Apesar do uso infrequente dos métodos não farmacológicos durante o trabalho de parto, o uso desses métodos contribuiu significativamente para a redução do risco de cirurgia cesariana. Esse é um achado particularmente importante em cenários de alta prevalência de cirurgia cesariana, como no nosso hospital. Embora essa prática não interfira no risco de complicações materno-neonatais, estratégias de incentivo ao uso desses métodos, como a implementação de modelos de cuidados colaborativos, devem ser encorajadas para reduzir a ocorrência de cesáreas desnecessárias. Estudos posteriores sobre a eficácia de cada método, podem auxiliar profissionais de saúde na oferta de métodos mais apropriados a cada fase do trabalho de parto. Introduction: The high prevalence of caesarean sections is a difficult global public health problem with which several maternal and neonatal complications have been associated. A wide range of interventions to reduce the high rate of caesarean sections is described in the literature. Among them, non-pharmacological labour pain management methods seem to be an interesting strategy for this purpose. Despite evidence on the benefits of these methods, few studies analysed the association of these methods with maternal and neonatal complications. Objective: To analyse the impact of non-pharmacological labour pain management methods on delivery mode and maternal/neonatal complications among women admitted for labour at the Federal University of Uberlandia hospital (HCU-UFU). Methods: Retrospective cohort comprising medical records from all women who had spontaneous labour or were submitted to induction or augmentation of labour at the University Hospital of the Federal University of Uberlandia (HCU-UFU) between January 1, 2013 and December 31, 2017. Medical records were selected based on the following International Classification of Disease (ICD-10) codes: 080, 081, 084.0, O84.1 or O84.2. We used descriptive analysis to characterize the study population and adjusted logistic regression to compare maternal sociodemographic and obstetric characteristics according to delivery mode and presence of maternal and/or neonatal complications. Multiple imputation was used to handle missing data. To assess the effects of non-pharmacological labour pain management methods and to correlate them to the study outcomes, we estimated the RR using unadjusted ratios in logistic regression models and adjusted ratios for maternal sociodemographic and obstetric characteristics. Results: We analysed 5,293 medical records of women who had spontaneous delivery or were submitted to induction or augmentation of labour. Of these, 37.9% had the use of a non-pharmacological labour pain management method registered: 1,582 (78.9%) women took warm shower baths, 1,281 (63.9%) used the Swiss ball, 352 (17.5%) tried different positions, 175 (8.7%) received relaxing massages, and 97 (4.8%) received guidance on appropriate breathing techniques. From the total of medical records analysed, 2,196 (41.5%) referred to caesarean sections and 448 (8.5%) had some maternal and/or neonatal complication registered. The use of non-pharmacological methods reduced the risk of caesarean sections in approximately 73% (RR 0.27; 95% CI 0.24 - 0.31), but did not have a detectable impact on the occurrence of maternal and neonatal complications (RR 0.89; 95% CI 0.71 - 1.13). Conclusion: Despite its low prevalence, the use of nonpharmacological labour pain management methods proved to be a significant factor to decrease the risk caesarean section. This is an important finding, especially in scenarios with high rates of caesarean sections like ours. Although this practice did not have an impact on the occurrence of maternal and neonatal complications, strategies to encourage the use of these methods should be encouraged to reduce the occurrence of unnecessary caesarean sections. Further studies to identify the efficacy of each method may help health professionals to offer more appropriate methods at different stages of labour. Dissertação (Mestrado)
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