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As preocupações com a sustentabilidade que têm vindo a ganhar força ao longo das últimas décadas tornam clarividente que não é racional desperdiçar materiais, trabalho, energia ou dinheiro na demolição, parcial ou total, de edifícios para depois construir outros no seu lugar e muitas vezes em condições de durabilidade e de adequação ao uso inferiores às daqueles que os mesmos vieram substituir. Contudo, a intervenção em edifícios existentes e o consequente estudo do estado de conservação, das anomalias presentes, da determinação de suas causas e formas de reabilitação, põe-nos perante uma questão importante e premente: a necessidade de saber como cada edifício foi construído, com que sistemas e materiais, para mais facilmente conseguir estabelecer um diagnóstico e uma correta metodologia de intervenção.Se para os edifícios antigos, construídos ainda com os materiais e sistemas tradicionais, existe já uma série de estudos de caracterização construtiva, diagnóstico de anomalias-tipo e formas de intervenção, o mesmo não sucede com os edifícios da 'fase de transição' construídos entre os primeiros anos do século XX e a entrada em uso corrente da construção porticada de betão armado. São edifícios com pouca uniformidade estilística, com sistemas construtivos muito diferentes, e onde se percepciona o aumento de complexidade à medida que novos materiais, novos sistemas, tecnologias e ferramentas são disponibilizados e se tornam correntes. Complexidade que também decorre de alterações na estrutura social e cultural, e no aumento das exigências funcionais e de conforto que foram ocorrendo ao longo do século XX.Tomando como caso de estudo a construção feita até ao final da década de 30, na recém-aberta Avenida dos Aliados, novo centro cívico Portuense, e o papel destes edifícios e funções que albergam, na dignificação do novo arruamento, na presente comunicação é feita a sua caracterização construtiva, evidenciando diferenças e similaridades com edifícios de outra zona importante da cidade, o eixo da Boavista. |