Temas religiosos na epistemologia de Locke
Autor: | Duarte, Ramiro Marinelli, 1981 |
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Přispěvatelé: | Chibeni, Silvio Seno, 1958, Coelho, Humberto Schubert, Custódio, Márcio Augusto Damin, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS |
Rok vydání: | 2021 |
Předmět: | |
Zdroj: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) instacron:UNICAMP |
Popis: | Orientador: Silvio Seno Chibeni Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Resumo: Nesta dissertação analisa-se o tratamento dado por John Locke a temas religiosos no contexto de sua teoria epistemológica. Primeiramente apresentam-se os principais elementos que constituem essa influente teoria. Nela o entendimento humano é estruturado em dois domínios: conhecimento e crença em geral. O domínio da crença em geral é dividido em probabilidade e revelação. Enquanto a probabilidade é um produto da razão, a revelação é uma crença tipicamente religiosa. Defende-se, a partir desse mapeamento fundamental proposto no Ensaio sobre o Entendimento Humano, que o referencial teórico dessa obra é bastante adequado para tratar de temas religiosos. Segundo Locke, quando o conhecimento, no sentido estrito do termo, de conhecimento certo, não é possível, o homem tem a possibilidade, para guiar seu assentimento, de estabelecer bases adequadas para a crença. Como a revelação é, supostamente, uma intervenção extraordinária de Deus, que traz algum elemento cognitivo ao homem, a noção de Deus tem um papel direto nesse aspecto da epistemologia lockeana. Por isso, um capítulo da dissertação é dedicado à análise da demonstração do conhecimento da existência de Deus fornecida por Locke. No seu argumento Locke não fundamentou a existência de Deus em um caminho religioso, mas o elaborou como uma demonstração racional, do mesmo tipo das demais demonstrações no âmbito do conhecimento certo. Isto possibilitou uma base segura para estabelecer um diálogo profícuo entre razão e revelação, que é o tópico principal desta dissertação. O que caracteriza a posição de Locke na relação entre fé (religiosa) e razão é a busca de equilíbrio e a colaboração entre esses dois domínios. À razão cabe avaliar se uma suposta revelação tem ou não procedência divina. Ao seu turno, a revelação atestada pela razão alarga os horizontes do entendimento humano para além das capacidades racionais ou sensoriais ordinárias do homem. O comprometimento de Locke com a fé cristã, em particular, não fez com que ele descuidasse de buscar a razoabilidade da religião. A defesa da fé é, segundo ele, possível, em bases razoáveis e, por isso, ele se esforçou em delimitar bem os dois domínios do entendimento humano. Quando existe uma relação harmoniosa nesse âmbito, o homem tem uma fonte de verdade complementar, de relevante utilidade prática, ou moral. Assim a religião influenciou a sua filosofia e, de maneira mais clara e verdadeira, a filosofia influenciou a sua religião. Na última parte desta dissertação analisa-se a questão da moral dentro dessa relação entre razão e revelação. Em um certo momento do Ensaio, Locke propõe, en passant, que a moral poderia ser conhecida racionalmente. Porém, apesar de explicitamente nunca ter abandonado essa tese, ele não a desenvolveu suficientemente em nenhum lugar, dedicando-se, antes, a explorar outras vertentes para a fundamentação da moral. Uma delas seria buscar apoio para as verdades morais em textos tidos como revelações genuínas. Essas últimas ¿ e, novamente, em particular, a revelação cristã ¿ forneceriam diretamente ao homem um corpo consistente de regras morais que orientam o homem a ser feliz nessa vida e na vida futura. No livro II do Ensaio Locke desenvolve em razoável detalhe ¿ e de forma um tanto inesperada, visto que ele é dedicado à questão epistemológica específica da origem das ideias ¿ a perspectiva da vida futura como relevante para a moralidade. Notamos nesse ponto a possibilidade de uma interpretação que poderíamos, em certo sentido, classificar como "utilitarista" da moral. Mesmo neste caso, o papel da razão diante de uma revelação com conteúdo moral continua sendo, se esse caminho for seguido, o de constatar a procedência divina da revelação Abstract: This dissertation analyses the treatment given by John Locke to certain key religious issues in the context of his epistemological theory. First, we present the main thesis of this influential theory. In it, the materials of the understanding are structured in two areas: knowledge and belief in general. In its turn, the domain of belief in general is divided into probability and revelation. While probability is a product of reason, revelation is a typical religious belief. It is argued here, from this fundamental mapping proposed in the Essay Concerning Human Understanding, that the theoretical framework of this work is appropriate to deal with religious issues. According to Locke , when knowledge, in the strict sense of certain knowledge, it is not possible, men has the ability to guide their consent, to establish appropriate basis for belief. As the revelation is supposedly an extraordinary intervention of God that brings some cognitive element to man. Thus, the notion of God has a direct role in the Lockean epistemology. Taking this into consideration, a whole chapter of the dissertation is devoted to the analysis of the demonstration of the existence of God provided by Locke . In his argument, Locke did not infer the existence of God from any religious pressuposition; his demonstration is intended to be a rational demonstration of the same type that other statements in the realm of knowledge. This, according to Locke, affords a secure basis to establish a fruitful dialogue between reason and revelation, which is the main topic of this dissertation. What characterizes Locke's position on the relationship between faith (religious faith) and reason is the search for a balanced collaboration between these two domains. The main role of reason, in this case, is to help us to determine whether a proposed revelation has indeed a divine origin. On the other side, revelation attested by reason can, in certain specific cases, widen the horizons of human understanding beyond rational or sensory abilities ordinary. Locke's commitment to the Christian faith in particular did not make him careless of seeking the reasonableness of religion. The defense of the faith is, according to him, possible on a reasonable basis and this is why he struggled in delimiting carefully the two domains of human understanding. When there is a harmonious relationship in this context, man has in revelation a complementary source of truth, often of practical, or moral utility. This is how religion influenced his philosophy and, in a clearer and truer way, philosophy influenced his religion. The last chapter of this dissertation examines, in a somewhat exploratory way,the issue of the foundations of morals, given Locke¿s theses about the relationship between reason and revelation. At a certain point in the Essay, Locke proposes, en passant, that morality can be known rationally. Although he never explicitly abandoned this thesis, he has not developed it anywhere. Instead, he devoted himself to exploring other possibilities to establish the grounds of morality. One of them would be seeking support for the moral truths in texts atested as genuine revelations. These texts ¿ and, again, particularly the Christian revelation - would provide man with a consistent body of moral rules capable of guiding man to be happy in this life and hereafter. Also, in Book II of the Essay Locke develops in some detail the argument that takes the prospects of a future life as relevant to the issue of the foundations of morality. We suggest, here, that this line of argument is akin to utilitarism, as later developed by authors such as Jeremy Benthan and J. S. Mill Mestrado Filosofia Mestre em Filosofia |
Databáze: | OpenAIRE |
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